quinta-feira, 22 de abril de 2010

Times brasileiros valem muito pouco



Quem vale mais: Corinthians ou Newclastle ? Tottenham ou Palmeiras ? Vejam bem, a comparação é feita entre dois gigantes do futebol brasileiro e dois times da Inglaterra que nem de longe estão entre os mais poderosos do seu país. Mas as equipes britânicas estão entre as 20 mais ricas do mundo, conforme a lista divulgada pela revista Forbes, enquanto nenhum time brasileiro ou da América Latina figura na relação. Apenas a diferença entre o Primeiro Mundo e as economias em desenvolvimento ? Também, mas não é só isso.
Conforme a Forbes, o o Manchester United foi considerado o clube de futebol mais valioso do mundo, cotado em 1,19 bilhão de libras (1,374 bilhão de euros, R$ 3,2 bilhões). De acordo com a revista, , o atual campeão inglês superou o Real Madrid, o segundo da lista e que está avaliado em 859 milhões de libras (991 milhões de euros, R$2,3 bilhões). O estudo traz a soma do que o clube recebe, incluindo patrocínio, venda de ingressos e a comercialização de artigos esportivos. Não leva em conta, por exemplo, ativos como o estádio e o valor do elenco, ou as cotações das ações do times, nos casos em que são negociadas em bolsa.
Com relação ao patrocínio, há uma explicação razoável para o abismo que separa o primeiro mundo do futebol dos outros. A exposição na camisa num time como o Manchester ou Real Madri tem muito mais visibilidade do que num time brasileiro, mesmo os de alto nível, que dificilmente consegue serem reconhecidos pela grande massa de público global - em geral, são os jogadores brasileiros, e não times, é que são destacados. A lógica vale para o Manchester United, Real, Barcelona (4º na lista) e Baynern (5º), mas chama a atenção que Hamburgo (14º) e Olympique de Marselha (17º), times de impacto um tanto local, se destaquem na questão financeira.
Será que há uma gestão financeira eficente para aproveitar o potencial dos clubes e do futebol brasileiro ? Recentemente, a questão dos direitos de transmissão pela televisão entrou em pauta na eleição do Clube dos 13. Circulou uma versão - não confirmada- de que a Rede Globo gostaria que Kléber Leite (derrotado pelo candidato da situação Fábio Koff) fosse eleito por estar incomodada com o valor pago aos grandes clubes no brasileirão. A Globo estaria, então, interessada em reduzir ainda mais as cifras, já absurdamente inferiores às da Europa ? Ou a emissora está preocupada em não ampliar demais o atual contrato, que hoje está em R$ 1,6 bilhão, na renovação em 2012 ? Há informações que o Clube dos 13 exigiria um aumento de até 60% sobre esses valores.
Ok, vamos combinar que não dá para comparar o campeonato brasileiro com o inglês ou espanhol. Mas, tirando esses dois e, talvez, o italiano (que caiu muito), os outros não se destacam tanto assim. Aliás, mesmo no inglês, quem assistir, digamos Liverpool (6º da lista) e Tottenham (12º), vai ver um belo festival de chutões e correria, bem ao estilo tradicional da futebol bretão.
Presumi-se que os jogos do Brasileiro talvez não interessem ao público internacional. É possível, mas quem é o responsável por vender o Brasileiro lá fora ? Duvido muito que a CBF ou o Clube dos 13 faça um grande esforço neste sentido. Alguém já pensou que seria melhor investir num brasileirão mais consistente e reduzir os campeonatos regionais ou o poder político das federações estaduais vem impedindo a evolução dessa idéia ? Com todo respeito aos chamados times pequenos, mas é difícil justificar longos campeonatos estaduais com agremiações que mal conseguem uma média de público de 5 mil pessoas por partida (para ser otimista).
O valor obtido com patrocínios e licenciamentos (ainda que com a pirataria fora de controle) pelos times brasileiros vem melhorando nos últimos anos, mas uma evolução significativa só vai ocorrer quando as nossas grandes equipes conseguirem mais visibilidade. Mesmo que uma equipe brasileira ganhe uma Libertadores e dispute o Mundial de Clubes, ainda é muito pouco para um grande patrocinador apostar valor igual ao que gastaria numa outra equipe européia, mesmo que mediana, mas cujo campeonato é mostrado com frequencia em redes de TV ao redor do mundo. Não é por acaso que o site do Manchester tem versões em árabe, chinês, japonês e coreano.
E quais são os times brasileiros patrocinados por marcas globais ? A coreanas Sansung (atual patrocinadora do Palmeiras e que já estampou sua marca no Corinthians) e LG (que até recentemente estava na camisa do São Paulo) são exceções e, mesmo assim, é difícil acreditar que tenham uma estratégia mundial com esses patrocínios.
É claro que manter seus principais craques também ajuda uma equipe a manter o interesse da mídia e dos patrocinadores. Mas, sem recursos consistentes, não há muito o que fazer para impedir a saída dos melhores valores. Ou alguém acredita que o Santos vai resistir por muito tempo a vender Neymar e Ganso para a Europa ? A dura realidade dos números diz que não.

Veja abaixo a lista de Forbes. Os times ingleses são o destaque, com seis integrantes, incluindo um, o Newcastle United, que disputou a segundona local ( mas conseguiu o acesso).
1 - Manchester United
2- Real Madrid
3 - Arsenal
4- Barcelona
5- Bayern
6 -Liverpool
7 - AC Milan
8 - Juventus
9 - Chelsea
10 - Inter de Milão
11 - Schalke 04
12 - Tottenham
13 - Lyon
14 - Hamburgo
15 - Roma
16 - Werder Bremen
17 - Olympique de Marselha
18 - Borussia Dortmund
19 - Manchester City
20 - Newcastle United

Um comentário:

  1. Realmente é uma vergonha, Fortuna!
    Enquanto o futebol brasileiro continuar nas mãos destes cartolas ridículos, vai ser esta história.

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