terça-feira, 6 de abril de 2010

O capital é daqui, mas a tecnologia não


A indústria automotiva brasileira de capital majoritariamente nacional está renascendo no momento em que os investimentos globais do setor, controlado por grandes grupos multinacionais, ainda estão em compasso de espera por conta dos efeitos da crise. Mas é um modelo bem diferente do que foi adotado no passado por Amaral Gurgel – que investiu em marca e tecnologia próprias – e também do tradicional do setor, em que a decisão de investimentos é tomada única e exclusivamente pelas matrizes das montadoras, muitas vezes levando em consideração muito mais a situação mundial da companhia do que as perspectivas de negócios locais. Os empresários Eduardo Souza Ramos e Carlos Alberto Oliveira, que já eram expressivos no ramo de revendas de veículos, investiram em fábricas locais da Mitisubishi e Hyundai, sem a participação direta das matrizes das fabricantes.

A MMC de Souza Ramos fabrica veículos Mitsubishi em Catalão, Goiás, e se prepara para expandir seus negócios ao se associar com um grande investidor, o BTG-Pactual. Os planos são de aumentar a linha de produção e consequentemente a participação da marca japonesa no País. Ao anunciar a associação no mês passado, a empresa projetou investir R$ 800 milhões nos próximos cinco anos no Brasil para produzir localmente outros modelos, como a Pajero Dakar e o Lancer. Hoje são produzidos em Catalão os modelos L200 Triton, L200 Outdoor, Pajero TR4 Flex e Pajero Sport, além dos veículos da linha Competition.

O BTG também se associou com Souza Ramos na Suzuki Veículos do Brasil, que é apenas uma representante da marca do Japão no País, sem vínculos diretor com a matriz. O plano inicial é aumentar as vendas de veículos com a expansão das concesssionárias, mas já foi anunciado um projeto de fabricar os carros no País, num acordo semelhante ao da Mitsubishi, que apenas transfere tecnologia. É incomum um grupo de private equity como o BTG investir neste setor, o que ajuda comprovar as boas perspectivas que o mercado vê no crescimento da indústria automotiva do Brasil, impulsionada por seguidos recordes de vendas.

O Grupo Caoa, de Carlos Alberto de Oliveira, produz o utilitário HR em sua fábrica de Goiás, em Anápolis, e se prepara para colocar no mercado o SUV Tucson brasileiro. Nos anúncios do Tucson, a Caoa vem ressaltando a fabricação no Brasil, embora os modelos à venda ainda sejam coreanos. É uma forma de dar ainda mais confiabilidade à marca. Tanto a Hyundai quanto a Suzuki já entraram e saíram do mercado brasileiro anteriormente - com outras administrações -
e não deixaram impressões muito boas junto aos clientes da época.

A coreana Hyundai, entretanto, não pretende deixar o promissor mercado brasileiro somente com seu parceiro. Tanto que vai investir US$ 600 milhões numa nova fábrica em Piracibaba. no interior paulista, que deve começar a operar em 2012.

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