Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo
Os
Terminais de Uso Privativo (TUPs), que são operados por grandes empresas
exportadoras e importadoras, lideram com folga a movimentação de carga no
sistema portuário brasileiro. A liderança deve se acentuar nos próximos anos,
já que, de acordo com Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), do
total de investimentos previstos para o setor nos próximos anos, de R$ 30
bilhões, nada menos que R$ 21 bilhões serão aplicados na construção,
ampliação e operação de TUPs.
“Os
terminais privativos são uma ferramenta estratégica e um catalizador dos
empreendimentos industriais”, afirma o presidente
da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Mantel, destacando que, sem o
investimento privado por parte das empresas privadas o País não atingiria os
volumes recordes na movimentação de cargas nos últimos anos.
De acordo
com Manteli, os dados divulgados pela Antaq com a movimentação de cargas no
País no passado mostram a importância dos TUPs para o sistema portuário brasileiro.
Das 886 milhões de toneladas que foram movimentadas em 2011, 557 milhões foram
das TUPs o equivalente a 62,9% do total,
conforme dados da Antaq. Foi uma alta de
2,2% sobre o ano anterior, quando os TUPs movimentaram 545 milhões de toneladas.
Os crescimentos nos anos anteriores foram maiores, de 10,2% e 15,2% , sobre
2008 e 2009, respectivamente.
O
minério de ferro e os combustíveis, óleos minerais e produtos foram os grandes
responsáveis pela movimentação de cargas. Esses dois grupos de mercadorias
responderam por nada menos do que 92,9% da movimentação de cargas nos TUPs e
por 58,4% do volume geral do sistema portuário brasileiro.
O TUP da companhia Vale, localizado em
Tubarão, no Espírito Santo, liderou a movimentação de cargas no Brasil no ano
passado, respondendo por 12,43% de total. A operação com minério de ferro,
especialidade deste terminal, respondeu por quase todo o volime. Outro terminal
da Vale, o Ponta da Madeira, no Maranhão, ficou na segunda colocação, com
11,54% do total.
Entre os terminais especializados em
granel líquido, a campeã foi a TUP Almirante Barroso, da Petrobras, que perdeu
apenas no geral para as unidades da Vale e os portos de Santos e Sepetiba. O
Almirante Barroso movimentou 5,61% do total em 2011 de cargas.
E a Petrobras vai investir para
ampliar a capacidade de atracação de petroleiros deste terminal, localizado em
São Sebastião (São Paulo) A obra, que
começou a ser estudada em 2007, é estimada em R$ 250 milhões. A Transpetro,
subsidiária da Petobras para as áreas de logística e transporte, vai instalar a
nova estrutura, de 1,7 km, na parte norte do canal, em frente a Ilhabela, e
começou a discutir o impacto do projeto com órgãos ambientais.
A outra gigante do setor, a Vale, também tem planos
ambiciosos na área. A
Vale Fertilizantes pretende se tornar a maior operadora de logística integrada
para exportação de granéis sólidos do porto de Santos (SP). Com investimentos
de R$ 3,5 bilhões na Ferrovia Centro Altântica (FCA) e na ampliação do Terminal
Marítimo Ultrafertil (TUF), em Santos, ambos sob sua concessão, a companhia
passará a exportar soja e açúcar. Atualmente, a companhia apenas importa a
matéria-prima para atender a demanda própria por fertilizantes.
Concluída
a obra, a empresa terá capacidade para armazenar 518,5 mil toneladas de soja e
açúcar. O volume equivale a 37% da oferta atual dos oito terminais que escoam os
dois produtos pelo Porto de Santos. A instalação com maior capacidade tem
capacidade de estocagem de 280 mil toneladas de grãos. O projeto está
atualmente em licenciamento ambiental e a entrega prevista é em 2015,
Já o Superporto do Açu, da LLX, do grupo do
empresário Eike Batista, será um complexo Portuário Privativo de Uso Misto, com
a construção de dois terminais, TX 1 e TX2. De acordo com a empresa, já foram
assinados 70 memorandos com empresas interessas em operar no complexo,
localizado no Norte fluminense.
Entre eles está o acordo com a Wisco (Wuhan Iron
and Steel Co.), terceira maior siderúrgica da China, e contrato com a Ternium para
a instalação de parque siderúrgico no Superporto do Açu, com capacidade inicial
de produção de 8,4 milhões de toneladas de aço bruto por ano. Além disso, a LLX
também possui protocolos de intenção assinados com a General Electric Energy do
Brasil (GE) para produção de equipamentos para os segmentos de energia e óleo e
gás.
A companhia também assinou contratos com a NKT
Flexibles (NKTF) e com a Technip Brasil para a instalação de unidades para
produção de tubos flexíveis para apoio a indústria offshore no Superporto do
Açu.
Entre
2007 e março de 2012 foram investidos R$ 2,6 bilhões no empreendimento. O
montante foi aplicado principalmente na dragagem do canal onshore e construção
do quebra-mar (TX2), implantação da linha de transmissão e aquisição de
terrenos. No mesmo período também foram realizados investimentos na montagem da
correia transportadora, empilhadeira e recuperadora que serão utilizadas para
movimentação de minério de ferro no terminal offshore (TX1).