quarta-feira, 30 de maio de 2012

Operação de TUPs receberá R$ 21 bi nos próximos anos


Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

Os Terminais de Uso Privativo (TUPs), que são operados por grandes empresas exportadoras e importadoras, lideram com folga a movimentação de carga no sistema portuário brasileiro. A liderança deve se acentuar nos próximos anos, já que, de acordo com Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), do total de investimentos previstos para o setor nos próximos anos, de R$ 30 bilhões, nada menos que  R$ 21 bilhões serão aplicados na construção, ampliação e operação de TUPs.

“Os terminais privativos são uma ferramenta estratégica e um catalizador dos empreendimentos industriais”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Mantel, destacando que, sem o investimento privado por parte das empresas privadas o País não atingiria os volumes recordes na movimentação de cargas nos últimos anos.

De acordo com Manteli, os dados divulgados pela Antaq com a movimentação de cargas no País no passado mostram a importância dos TUPs para o sistema portuário brasileiro. Das 886 milhões de toneladas que foram movimentadas em 2011, 557 milhões foram das TUPs  o equivalente a 62,9% do total, conforme  dados da Antaq. Foi uma alta de 2,2% sobre o ano anterior, quando os TUPs movimentaram 545 milhões de toneladas. Os crescimentos nos anos anteriores foram maiores, de 10,2% e 15,2% , sobre 2008 e 2009, respectivamente.

O minério de ferro e os combustíveis, óleos minerais e produtos foram os grandes responsáveis pela movimentação de cargas. Esses dois grupos de mercadorias responderam por nada menos do que 92,9% da movimentação de cargas nos TUPs e por 58,4% do volume geral do sistema portuário brasileiro.


O TUP da companhia Vale, localizado em Tubarão, no Espírito Santo, liderou a movimentação de cargas no Brasil no ano passado, respondendo por 12,43% de total. A operação com minério de ferro, especialidade deste terminal, respondeu por quase todo o volime. Outro terminal da Vale, o Ponta da Madeira, no Maranhão, ficou na segunda colocação, com 11,54% do total.

Entre os terminais especializados em granel líquido, a campeã foi a TUP Almirante Barroso, da Petrobras, que perdeu apenas no geral para as unidades da Vale e os portos de Santos e Sepetiba. O Almirante Barroso movimentou 5,61% do total em 2011 de cargas.

E a Petrobras vai investir para ampliar a capacidade de atracação de petroleiros deste terminal, localizado em São Sebastião (São Paulo)  A obra, que começou a ser estudada em 2007, é estimada em R$ 250 milhões. A Transpetro, subsidiária da Petobras para as áreas de logística e transporte, vai instalar a nova estrutura, de 1,7 km, na parte norte do canal, em frente a Ilhabela, e começou a discutir o impacto do projeto com órgãos ambientais.

A outra gigante do setor, a Vale, também tem planos ambiciosos na área. A Vale Fertilizantes pretende se tornar a maior operadora de logística integrada para exportação de granéis sólidos do porto de Santos (SP). Com investimentos de R$ 3,5 bilhões na Ferrovia Centro Altântica (FCA) e na ampliação do Terminal Marítimo Ultrafertil (TUF), em Santos, ambos sob sua concessão, a companhia passará a exportar soja e açúcar. Atualmente, a companhia apenas importa a matéria-prima para atender a demanda própria por fertilizantes.

Concluída a obra, a empresa terá capacidade para armazenar 518,5 mil toneladas de soja e açúcar. O volume equivale a 37% da oferta atual dos oito terminais que escoam os dois produtos pelo Porto de Santos. A instalação com maior capacidade tem capacidade de estocagem de 280 mil toneladas de grãos. O projeto está atualmente em licenciamento ambiental e a entrega prevista é em 2015,

Já o Superporto do Açu, da LLX, do grupo do empresário Eike Batista, será um complexo Portuário Privativo de Uso Misto, com a construção de dois terminais, TX 1 e TX2. De acordo com a empresa, já foram assinados 70 memorandos com empresas interessas em operar no complexo, localizado no Norte fluminense.

Entre eles está o acordo com a Wisco (Wuhan Iron and Steel Co.), terceira maior siderúrgica da China, e contrato com a Ternium para a instalação de parque siderúrgico no Superporto do Açu, com capacidade inicial de produção de 8,4 milhões de toneladas de aço bruto por ano. Além disso, a LLX também possui protocolos de intenção assinados com a General Electric Energy do Brasil (GE) para produção de equipamentos para os segmentos de energia e óleo e gás.

A companhia também assinou contratos com a NKT Flexibles (NKTF) e com a Technip Brasil para a instalação de unidades para produção de tubos flexíveis para apoio a indústria offshore no Superporto do Açu.

Entre 2007 e março de 2012 foram investidos R$ 2,6 bilhões no empreendimento. O montante foi aplicado principalmente na dragagem do canal onshore e construção do quebra-mar (TX2), implantação da linha de transmissão e aquisição de terrenos. No mesmo período também foram realizados investimentos na montagem da correia transportadora, empilhadeira e recuperadora que serão utilizadas para movimentação de minério de ferro no terminal offshore (TX1).



terça-feira, 29 de maio de 2012

Mudança de perfil


Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

A concessão de crédito imobiliário no Brasil passou por uma forte expansão nos últimos anos, quadro que deve se repetir em 2012. Mas o grande desafio do setor é manter os níveis de crescimento elevados, em meio a um cenário de novas regras para a remuneração das cadernetas de poupança - que se mantêm como a principal fonte de financiamento - e a necessidade de se criar novos instrumentos financeiros para o fornecimento de crédito.

Afinal, o volume de financiamento ainda tem que crescer muito para ao menos se aproximar de outros países, inclusive da América Latina, como México e Chile, que apresentam relação entre crédito habitacional e Produto Interno Produto Interno (PIB) de, respectivamente, 11,2% e 18,5%. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), relativos a fevereiro último, a proporção no Brasil é de 5,1%, o que deixa o país atrás de emergentes como a Índia (6%) e China (10,9%).
Conforme as novas regras definidas pelo governo para os depósitos da poupança feitos a partir de 4 de maio, toda vez que a taxa Selic ficar igual ou menor a 8,5% ao, a rentabilidade da caderneta passará a ser de 70% da taxa básica de juros, mais a Taxa Referencial (TR). Como os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos dessa modalidade de financiamento para o crédito imobiliário e as cadernetas respondem por cerca de 70% do financiamentos, uma eventual queda na captação poderia afetar o sistema. Essa perspectiva, no entanto, ainda não preocupa o mercado. Em contrapartida, como uma das intenções do governo com essa medida é criar condições para reduzir a taxa Selic, os financiamentos imobiliários podem se beneficiar desse movimento e ficarem mais acessíveis no futuro.

Na avaliação do diretor de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Stofer, a poupança continuará a ser um investimento atrativo e, por isso, o volume de captações não deve cair. Mesmo assim, ele ressalta que o grande desafio é criar novos instrumentos de financiamento de imóveis. "Já há algum tempo, os recursos da poupança são insuficientes para atender a toda a demanda de crédito imobiliário que existe no país", diz Stofer, citando a necessidade de estimular outros instrumentos de financiamento como o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

O presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, estima que volume atual recursos aplicados nas cadernetas sejam suficientes para alimentar o crédito imobiliário até 2014. Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), Luiz Roberto Calado, "a poupança continua sendo um investimento seguro e não deve deixar de ser procurada pelos poupadores mais simples, que não conhecem ou têm medo dos fundos de investimento e ações".

O vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa Econômica Federal (CEF), José Urbano Duarte, ressalta que, como todo o estoque anterior à nova regra ainda mantém os antigos critérios de remuneração, não há impacto imediato para a poupança. Duarte destaca que, após a entrada em vigor das novas regras, o volume de captações aumentou, o que mantém um cenário positivo para as operações de crédito imobiliário. Segundo ele, há recursos da poupança disponíveis para os financiamentos até 2013 na CEF.

Os principais agentes do mercado destacam a necessidade de expansão do crédito imobiliário no país,
mas ressaltam a dificuldade de manter os níveis de crescimento recentes. A Abecip estima crescimento de 30% do crédito imobiliário neste ano em relação ao passado, quando os financiamentos, somando-se os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) - de R$ 79,9 bilhões - e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) - de R$ 32,2 bilhões - atingiram R$ 112,1 bilhões.

Essa projeção é inferior à alta de 42% registrada em 2011. Segundo o vice-presidente da Abecip, essa desaceleração não significa um resultado negativo para o setor, já que os níveis registrados nos anos anteriores ocorreram em patamares elevados e não há como o mercado sustentar essa altas.

Os dados da Abecip mostram que nos primeiros três meses do ano os resultados do setor ainda estão longe da projeção para 2012. Os financiamentos, somando o SBPE (R$ 17,6 bilhões) e FGTS (R$ 8,5 bilhões) atingiram R$ 26,1 bilhões no trimestre, alta de 10% sobre o mesmo período do ano anterior.
Em unidades financiadas, a alta foi somente de 1%, 234 mil unidades nos três primeiros meses do ano, contra 231 mil em 2011. Mas se forem consideradas somente as unidades financiadas com fundos da poupança, houve uma queda de 1% no período - 104,8 mil unidades, contra 105,8 mil no mesmo intervalo do ano anterior.

Segundo Roncolato, a Abecip não revisou os números para o ano, ainda que as projeções iniciais do PIB - que influenciam diretamente o setor - de 3,2% possam não ser confirmadas ao longo do ano. "Historicamente os resultados do setor imobiliário costumam ser melhores no segundo semestre do ano", diz.

Duarte ressalta que o volume de crédito imobiliário tem mostrado forte evolução desde 2004, quando a relação era de apenas 1,3%, e deve continuar crescendo nos próximos anos. "A expectativa é de que até 2014 a proporção entre crédito imobiliário e PIB chegue a 11%", diz.


terça-feira, 22 de maio de 2012

SUV avança ao oferecer requinte e segurança

Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo 

A vocação para trafegar em todo tipo de terreno com conforto, segurança, design moderno e equipamentos sofisticados faz aumentar a preferência pelos veículos utilitários esportivos (ou SUVs, na sigla em inglês). O segmento de SUVs no Brasil tem apresentado um resultado melhor do que a média no setor de autos e comerciais leves. De janeiro a abril, foram emplacados 75.862 SUVs grandes, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição dos Veículos Automotores (Fenabrave), uma alta de 4,2% sobre o mesmo período do ano passado, enquanto o resultado geral teve queda de 3,14%.

Até meados de maio, os emplacamentos de SUVs grandes caíram 7,8% em relação a abril, bem menos do que os dos automóveis e veículos comerciais leves, que recuaram 13,82%.
A queda em maio foi atribuída ao aumento de 30 pontos no Imposto de Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis importados, além da restrição aos financiamentos por parte dos bancos. Entretanto, executivos do setor apontam que a queda foi menor por conta do alto poder aquisitivo dos clientes do segmento.

A expectativa do setor é que o segmento tem espaço para crescer. O gerente de produtos da Toyota no Brasil, Anselmo Borgheti, avalia que há uma grande demanda de consumidores por veículos que passam uma sensação de robustez e segurança, mas ao mesmo tempo dispõem de espaço e conforto, e podem ter um uso misto.

O presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe, Flavio Padovan, acredita no potencial de crescimento do mercado. As vendas da Land Rover - marca associada ao uso fora de estrada aliada a sofisticação - cresceram 35% neste ano, impulsionadas pelo modelo Range Rover Evoque, cujas linhas estão mais próxima de um crossover (mistura de sedã com SUV). Foram emplacados 1.906 Evoque neste ano.

Marcas conhecidas pelo requinte e conforto também apostam em SUVs e crossovers. A Mercedes-Benz, por exemplo, é representada pelo GLK 300; a Porsche, pelo Cayenne; a Audi pelos modelos Q; e a BMW pela família X.

A japonesa Mitsubishi baseia grande parte do seu marketing no forte desempenho da marca em competições de rally como a tradicional Paris-Dakar, onde soma 12 vitórias. Além da tradicional família Pajero, que pode ser considerada SUVs "pura", a Mitsubishi tem no mercado os crossovers ASX e Outlander. O ASX será produzido no Brasil a partir do meio do ano. Mas o carro chefe em vendas da companhia ainda é o "jipinho" Pajero TR4, o sexto colocado no ranking de SUVs grandes.

A briga pela liderança do mercado de SUVs deve esquentar com o lançamento do Trax pela General Motors. A GM já apresentou a imagem do carro, que será um modelo global, vendido em mais de 140 países. Chegará ao mercado europeu no fim deste ano e deve estar à venda no Brasil em 2013.