quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ganho de escala é essencial para impulsionar uso de fonte solar

Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

A produção de energia solar ainda está distante da viabilidade comercial no Brasil, mas empresas do setor já estão investindo na implantação de usinas, na expectativa de que os custos possam ser reduzidos nos próximos anos, da mesma forma que ocorreu com a energia eólica. Em contrapartida, a indústria de aquecedores solares - destinados ao aquecimento de água - continua a apresentar crescimento, mas num ritmo inferior aos dos anos anteriores. O custo de geração da energia solar oscila entre R$ 300,00 e R$ 400,00 por megawatt-hora, de três a quatro vezes a média das outras formas de energia. Mas esse valor vem caindo de 15% a 20% ao ano.

O diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Hamilton Moss, diz que a competitividade da energia solar no Brasil está associada ao fator de escala e à consolidação de uma cadeia produtiva nacional. De acordo com ele, a atual situação macroeconômica europeia e a redução do subsídio em alguns países para a energia solar fotovoltáica vêm induzindo as empresas desse setor a buscar novos mercados, pois há um excesso de oferta de equipamentos no mundo.

"O Brasil apresenta-se como um mercado potencial, tanto para suprir uma possível demanda interna quanto estabelecer-se como uma plataforma de exportação aos países sul-americanos e da África subsaariana. A redução contínua dos custos dos sistemas fotovoltáicos sinaliza um novo nicho em ambientes urbanos" afirma ele.

A MPX estruturou o primeiro empreendimento comercial do país de geração solar no município de Tauá, no Ceará. A Solar Tauá conta com 4.680 painéis fotovoltáicos para converter a energia solar em elétrica, numa área de aproximadamente 12 mil m2. Cerca de R$ 10 milhões foram investidos na unidade, cuja capacidade inicial é de 1 MW - o bastante para suprir 1.500 residências.

A Odebrecht Energia entrou no setor de geração solar com a implantação de usina na Arena Pernambuco, uma das sedes da Copa de 2014, em construção pela Odebrecht Infraestrutura, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana de Recife. A instalação está prevista para o segundo semestre. A expectativa é de que a operação comece em junho de 2013. A usina solar terá investimento de R$ 13 milhões e vai gerar 1 MWp de potência instalada, o equivalente ao consumo médio de uma cidade de seis mil habitantes.

O diretor de geração da Odebrecht Energia, Fernando Chein, diz que o empreendimento viabilizado na Arena Pernambuco poderá servir de modelo a outros projetos de energia solar que a empresa possa desenvolver no futuro. Chein avalia que há um grande potencial para a expansão dessa matriz energética no país. "A vocação do país é pelo uso da energia renovável", afirma.

A Light Esco Prestação de Serviços e a EDF Consultoria em Projetos de Geração de Energia Elétrica constituíram um consórcio para desenvolver, construir e operar uma usina de geração por energia solar, com capacidade de 391 kW, que será instalada na cobertura do estádio do Maracanã, no Rio, uma das sedes da Copa do Mundo. O investimento previsto é R$ 7 milhões e a energia gerada será comercializada no mercado livre.

Governos incoporam a experiência corporativa

Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

Os padrões de excelência consagrados no setor privado na área de comunicação corporativa estão cada vez mais disseminados no setor público com o aumento da presença das agências dentro dos governos, autarquias e estatais. Ferramentas de comunicação estratégica, como análise de imagem e índices de avaliação de resultados, já foram incorporadas à rotina de muitas entidades públicas, assim como uso intensivo das redes sociais. Em muitos casos, a atuação das agências de comunicação já supera os limites do atendimento à imprensa e do próprio território nacional.

É o caso da campanha desenvolvida pela CDN Comunicação Corporativa para a Secretaria de Comunicação da Presidência da República com o objetivo de divulgar a imagem do Brasil no exterior. Segundo o vice-presidente da CDN, Andrew Greenlees, além de realizar teleconferências com autoridades brasileiras com a imprensa internacional, a agência realizou um trabalho junto a analistas de mercado e grupos de estudos acadêmicos nos Estados Unidos e na Europa. Ele lembra que, nos últimos anos, há um crescente interesse no exterior por assuntos relacionados ao Brasil, e consequente na quantidade de especialistas que se dedicam ao País.

Esse trabalho rendeu duas premiações à CDN: Stevie International Business Award 2011, na categoria Campanha de Comunicação do Ano “Global Issues”, com a atuação desenvolvida em parceria com a Fleishman-Hillard, que incluiu uma série de 16 teleconferências com autoridades brasileiras para jornalistas e analistas estrangeiros; em 2010, com o Golden World Awards for Excellence in PR - concedido pela Associação Internacional de Relações Públicas (IPRA) na categoria Media Relations, com as ações de Relações Públicas realizadas durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 15).

“Esse trabalho foi importante para difundir bem as posições do Brasil durante as conferências”, diz Greenless se referindo à COP 15, realizada em Copenhague. Além dessa atuação junto à Secom – que inclui ainda a análise da imagem do Brasil em 49 veículos internacionais - a CDN também é responsável pelo atendimento no governo federal do Banco Central, Ministério do Trabalho, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Um dos grandes desafios das agências de comunicação é atender à demanda de entidades governamentais que têm grande visibilidade não só em relação à mídia, mas também em diversos segmentos da sociedade. A FSB Comunicações atende ao Ministério da Saúde, que tem diversas ramificações. “Na realidade, pelo tamanho da estrutura, há vários ministérios dentro do Ministério da Saúde”, destaca o sócio-diretor da FSB, Moisés Andrade Gomes. Segundo Gomes, há uma estrutura com 42 profissionais para prestar o atendimento ao Ministério da Saúde.

Uma das principais ações da FSB dentro do Ministério foi a divulgação da Campanha Nacional de Vacinação e Eliminação à Rubéola, com um plano de comunicação da qual fez parte um cronograma de ações para manter o assunto na imprensa durante os quatro meses de campanha.. Dentro do governo federal, a FSB atende também o Ministério dos Esportes e Ministério do Turismo.

A FSB também se destacou numa área cada vez mais importante dentro das agências : o trabalho nas redes sociais. A FSB ganhou a medalha de prata no Festival de Cannes em 2011 na Categoria Melhor Uso de Mídia Social, com trabalho realizado junto ao governo do Estado do Rio de Janeiro, tendo como cenário a reação das organizações que dominavam o tráfico de drogas durante o processo de pacificação das favelas. A estratégia foi aproximar a ação e os policiais aos cidadãos conectados às redes, humanizando a atuação do estado. Isso incluiu o treinamento de porta-vozes exclusivos para a Web.

A atuação das agências no Brasil no setor público acompanham um quadro que está consolidado em outros países. Portanto, a experiência internacional pode ser de grande valia de atuação neste campo. A S/A Comunicação firmou parceria com uma das principais agências de comunicação do mundo, a Kreab & Gavin Anderson, com sede em Estocolmo e Londres. De acordo com o diretor-geral da S/A, Marco Antonio Sabino, a companhia atuou por exemplo, na Islândia, durante a grave crise financeira em 2008, e no Japão, logo após o tsunami, no ano passado.

Sabino ressalta que as mesmas ferramentas de Public Relations (PR) exigidas hoje no trabalho do setor privado, também se tornaram importantes para a atuação da agência no setor público. “Hoje não há nenhuma diferença entre as ferramentas estratégica de gestão que são utilizadas pelo setores público e privado”, diz Sabino.

Um dos resultados mais significativos da S/A ocorreu na campanha desenvolvida para Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo no combate e prevenção da dengue, que foi finalista em 2009 no Festival de Cannes, na categoria de PR. A estratégia a agência foi conquistar espaços nos noticiários, identificar formadores de opinião – líderes comunitários, religiosos e dirigentes de entidades em geral - para distribuir material informativo e agendar palestras, além de gerar ações de PR nas ruas dos bairros da capital paulista mais atingidos.

Na esfera pública, a S/A desenvolve trabalhos junto à Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, a Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa, do governo estadual, além de municípios no interior paulista.

O vice-presidente corporativo da ESPM, Emanuel Publio Dias, destaca que as agências trouxeram ferramentas importantes da área corporativa, mas ressalta que o trabalho de comunicação no setor público oferece desafios que nem sempre são tão presentes nas empresas privadas. Com relação à propagação de informações, por exemplo, uma empresa pode decidir se divulga ou não uma notícia estratégica. “Já o governo tem obrigação de se comunicar com o cidadão, porque quem está lá foi eleito ou indicado por alguém que foi eleito”, ressalta ele.

Dias ressalta que existem casos em que as duas coisas podem se confundir, como no caso dos bancos públicos e algumas estatais. Ao mesmo tempo em que a comunicação tem que ser planejada pensando num mercado com outros grandes concorrentes, essas entidades têm obrigação de comunicar ao público sua atuação, já que o principal controlador é o Estado.