sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Transmissões na Copa serão vitrine privilegiada da 4G

Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo


A Copa de 2014, que será disputada no Brasil, será o primeiro grande evento esportivo global em que estará em funcionamento o serviço da banda larga e telefonia móvel de quarta geração (4G). De acordo com os planos do governo brasileiro, todas as cidades que sediarem a competição já terão a tecnologia disponível, o que possibilitará aos usuários que tenham aparelhos compatíveis um acesso de 20 a 40 vezes mais rápido, em média, do que o alcançado com as atuais redes 3G. A implantação da rede 4G faz parte de uma série de ações para tentar garantir que o sistema de comunicações na Copa funcione à altura de uma competição desse porte, que incluem também investimento em fibra ótica e em fiscalização.

"A Copa é a oportunidade de acelerar os investimentos necessários para melhorar a infraestrutura que é oferecida aos cidadãos do país", diz o secretário-executivo do Ministério do Esporte e membro do Grupo Executivo da Copa (Gecopa), Luís Fernandes. Para ele, os investimentos deixarão um legado importante no que se refere à integração e qualidade dos serviços.
Fernandes acredita que, com as ações previstas, o Brasil não deve ter problemas com as comunicações durante a Copa, evitando, por exemplo as dificuldades causadas pelo excesso de tráfego de dados durante a Olimpíada de Londres, em agosto.

O governo federal definiu em abril que os setores de telecomunicações e tecnologia da informação (TI) receberão aportes de R$ 371 milhões voltados a infraestrutura e segurança para a Copa. Um dos objetivos principais é garantir que links de internet e as transmissões de TV não sofram falhas durante os jogos. Para a implantação de redes de fibra óptica e ligação via rádio nos locais em que vão ocorrer eventos da Copa e nos centros de treinamento das seleções está previsto gasto de R$ 200 milhões.

Caberá à Telebrás implantar essas operações. Ao final da Copa, a nova infraestrutura será integrada à rede de fibras que será usada no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que pretende massificar o acesso à internet de alta velocidade no país.
O segundo grande investimento é com a fiscalização e monitoramento do uso dessa estrutura. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai gastar R$ 171 milhões para executar esses serviços, considerados essenciais para a realização da Copa.
Essa fiscalização inclui, para cada cidade-sede, a instalação de quatro estações móveis da Anatel em estádios; seis estações fixas, em aeroportos e Fan Fests; dez fiscais; duas unidades que farão testes de qualidade dos serviços móveis de telecomunicação.

O gerente geral de fiscalização da Anatel, Tiago Henrique Botelho, diz que caberá à agência, por exemplo, monitorar o uso dos espectros de frequência durante as transmissões do evento - trabalho é fundamental para evitar interferências nas transmissões. A Anatel também está investindo no treinamento dos funcionários. "Não adiantar somente investir equipamentos, temos que ter também servidores capacitados para exercer essas atividades, explica.


http://www.valor.com.br/empresas/2847554/transmissoes-na-copa-serao-vitrine-privilegiada-da-4g

terça-feira, 11 de setembro de 2012

À espera do melhor momento para o IPO


Por Paulo Fortuna
Para o Valor Financeiro Capitalização de Empresas


O mercado está em compasso de espera para a retomada de Ofertas Públicas Iniciais (IPOs, na sigla em inglês) na bolsa brasileira. Companhias prontas para estrear na Bolsa adiam as ofertas enquanto não há um sinal mais claro de recuperação do cenário de instabilidade e volatilidade, impulsionado principalmente pela crise na Europa. A expectativa é que, com esse quadro de incerteza e risco, os preços das ações possam sofrer um desconto excessivo ou, pior ainda, os IPOs fracassarem por falta de investidores interessados.


“Hoje, de 10 a 20 empresas estão prontas para fazer um IPO no Brasil, esperando uma janela de oportunidade”, afirma o diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados de Capitais (Anbima), Márcio Guedes. Para ele, essas empresas estão adiando as ofertas porque não querem sofrer o “desconto” que o mercado impõe nessas condições, em que ações podem sair por um preço menor do que os emissores avaliam ou atingiriam valores maiores numa situação mais favorável.


Guedes ressalta que o cenário internacional tem sido decisivo para aversão ao risco na bolsa brasileira, ressaltando que 2/3 dos investidores que participam de IPOs no Brasil são do exterior. “Com a crise lá fora, os investidores internacionais ficam reticentes e o Brasil acaba sendo afetado, explica Guedes, lembrando que as bolsas de todo o mundo estão sofrendo com a crise.
Além disso, lembra o diretor da Anbima, há um outro fator importante para desestimular novas IPOs neste momento: os preços das ações negociados na bolsa brasileira têm um desconto elevado, o que leva os investidores a buscarem essas oportunidades, ao invés de correrem o risco de um IPO. “Na medida em que os preços se ajustarem, o cenário pode ficar melhor para a retomada das ofertas”, diz o diretor da Anbima.


O analista-chefe da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, avalia que dificilmente este cenário  de incerteza será dissipado ao longo de 2012, por conta dos efeitos da crise na zona do Euro e das suas consequências para o restante da economia mundial.
Vieira destacou outro fator complicador do cenário neste ano: a megaoferta do Facebook, que rendeu US$ 16 bilhões, a maior da história das empresas de internet,  acabou decepcionando os investidores quando as ações começaram a despencar após a estreia na Nasdaq; De acordo com ele, o tombo do Facebook ajudou a acrescentar ainda mais desconfiança no mercado, reduzindo o apetitide dos investidores internacionais.


Por isso, Vieira acredita que o volume de IPOs deve continuar bem modesto. “Se houver uma recuperação, será em novembro ou dezembro”, afirma ele. “Neste momento, por conta do cenário de instabilidade e volatilidade,  os analistas podem precificar a empresa abaixo do que seria o seu valor real”, lembra ele. O analista também acredita que há empresas que já estejam preparadas para realizar seus IPOs em 2013 ou 2014, caso as condições mercado melhorem. 
Para o sócio líder de Mercados Estratégicos da Ernst & Young Terco, André Viola Ferreira, a queda nas taxas de juros básicos promovida seguidamente pelo Banco Central (BC), a princípio deveria estimular os investimentos em renda variável, como a própria Bolsa, impulsionando o lançamento de novas ofertas. Mas o cenário externo tem se sobressaído. “Os 2/3 de investidores externos que poderiam participar e neste momento estão reticentes  são relevantes para reduzir o volume de novas ofertas”, ressalta ele.


Ferreira destaca que, mesmo diante de uma conjuntura menos favorável, há alternativas para as empresas terem melhores resultados nos IPOs. “Melhor governança e um plano de negócios robusto são dois fatores que podem contribuir para valorizar as ações da companhia numa oferta”, afirma Ferreira.
O sócio-líder de Global IFRS and Offerings Services  da Deloitte, Bruche Mescher, diz que “a palavra do momento é volatilidade”, se referindo aos efeitos da crise externa nas bolsas, mas avalia que, no caso do Brasil, os fundamentos da economia continuam positivos e há boas perspectivas de que empresas rertomem os IPOs.


Mescher destaca que as empresas ligadas ao setor de infraestrutura, por exemplo, vão ter que captar recursos para financiar seus projetos que exigem grandes investimentos e terão maturação no longo prazo.         

O sócio de Auditoria da Delloite, Alexandre Cassini, acrescenta que a realização de IPOs ainda é uma melhores alternativas que as empresas possuem para buscarem recursos para novos investimentos. Estudo realizado pela Deloitte  aponta inclusive que o  custo para realização de uma oferta pública de ações no Brasil vem caindo nos últimos anos.Se em 2005,  ele representava 5,1% do valor da operação, esse percentual caiu para 3,4% em 2011.


O movimento aconteceu tanto pelo aumento do número de bancos que atuam nesse mercado - o que eleva a concorrência - como pelo aumento do tíquete médio das ofertas, o que dilui custos fixos.Na média ponderada do período de sete anos, apurada com base em 214 transações realizadas, o custo para a empresa ficou em 3,7% do valor das ofertas. Em termos financeiros, isso representa um gasto de R$ 31,4 milhões.
Ofertas inferiores a R$ 200 milhões tiveram custo médio de R$ 9,2  milhões, equivalentes 5,6% da captação, enquanto as operações maiores, de R$ 1 bilhão a R$ 9 bilhões, saíram por R$ 56,7 milhões, ou 3,5% do total.


O volume de IPOs em 2012 está bem distante das previsões do início do ano realizadas pela própria BM&FBOVESPA, que apontavam entre 40 e 45 operações ao longo do ano. Foram realizados somente quatro ofertas públicas iniciais na Bolsa brasileira: o banco de investimentos BTG Pactual, a locadora de veículos Locamerica, o fabricante de móveis Unicasa e a Taesa, empresa do segmento de transmissão de energia da Cemig. No ano passado, foram 11 ofertas.


Em 2007, o melhor ano da história da Bolsa, 64 companhias brasileiras abriram capital, entre elas Tecnisa, JBS, Marfrig, MRV e Sul­América. Em meio à janela de oportunidades muitas empresas não operacionais na época também entraram no mercado, como a MPX Energia, do grupo EBX do  empresário Eike Batista, Brazilian Group Hospilaty (BGH), e Agrenco. No total, as ofertas geraram  R$ 45 bilhões. Mas já no ano seguinte, o mercado começou a sentir os efeitos da crise financeira internacional.
O IPO realizado pela Locamerica, em abril, que movimentou R$ 313,9 milhões, quebrou um jejum de nove meses sem ofertas no mercado brasileiro. A oferta acabou saindo a R$ 9,00 a ação, abaixo do intervalo de preço sugerido no prospecto preliminar da operação, de R$11,00 a R$ 14,00.


A maior oferta foi a do BTG Pactual, realizada no mesmo mês, que contemplou 117 milhões de units ao preço de R$ 31,25 cada uma, o que totalizou uma captação de R$ 3,6 bilhões para o banco de investimentos. A operação ficou no centro da faixa fixada pelos coordenadores da oferta, de R$ 28,75 a R$ 33,75. A transação atraiu 170 grandes investidores, o que garantiu demanda três vezes superior à oferta. Mas quantidade vendida ficou abaixo dos 121,5 milhões de unidades que BTG Pactual e parceiros ofereciam na operação.
O bom resultado do IPO foi atribuído à confiança no mercado de bons resultados do banco, aliado ao prestígio de seu principal acionista, André Esteves. Foi a maior oferta inicial do mercado acionário brasileiro em quase três anos, desde os R$ 14 bilhões levantados por outro banco, o Santander Brasil em outubro de 2009. E também conseguiu ficar entre as 10 maiores ofertas Bovespa desde 2004, classificado como ano da reabertura dos mercados, ocupando sétimo lugar na lista.


A Unicasa também estreou na bolsa em abril, captando R$ 425,6 milhões em sua oferta, o que poderia indicar uma retomada de IPOs no Brasil. Cada papel ordinário da companhia, que controla as marcas Dell Anno e Favorita, saiu  a R$ 14,00, abaixo da faixa de preço estimada pela empresa em seu prospecto, que variava entre R$ 16,50 e R$ 20,50.
A CCX, empresa do grupo EBX que atua no setor de mineração e carvão na Colômbia, que ainda está em fase pré-operacional, estrou na bolsa em maio, mas sem a realização de IPO, já que foi desmembrada da MPX. 

Mas o cenário ainda nebuloso voltou a inibir o mercado e somente em julho a Taesa realizou uma oferta, levantando R$ 1,75 bilhão. A unit foi foi precificada em R$ 65,00, dentro da faixa estimada no prospecto da operação, de R$ 60,00 a R$ 70,00.


Em contrapartida, empresas como Brasil Travel, Seabras, CVC, Biosev, Manabi desistiram ao longo do ano de fazer ofertas na BM&FBovespa.. No caso da Biosev, braço sucroenergético da trading francesa Louis Dreyfus Commodities, foi adiado por  tempo indeterminado a sua oferta pública inicial de ações.
Antes do cancelamento, em julho. havia um risco de que transação pudesse não ser concluída por falta de demanda dos investidores. O preço dos papéis da Biosev chegou a ser rebaixado para R$ 13,00, segundo fonte, cifra 21% inferior ao piso da faixa inicialmente sugerida, de R$ 16,50 a R$ 20,50.


A justificativa da Biosev para a postergação do IPO foram as "incertezas no mercado financeiro". "Foi feito um roadshow pelo Brasil, Europa e Estados Unidos. Estamos confiantes de que quando o cenário econômico se restabelecer, novas oportunidades surgirão para a concretização do nosso IPO", explicou o presidente do conselho da Biosev, Kenneth Geld, por meio de nota.


Os mesmo cenário foi alegado pela mineradora Manabi ao cancelar o pedido de análise para a sua oferta inicial no Brasil e no Canadá. De acordo com a empresa, operação foi descartada “devido às incertezas econômicas apresentadas no mercado financeiro brasileiro e internacional nos últimos meses, desfavoráveis à realização da oferta global”.

No caso da Seabras, foram dois adiamentos, em fevereiro e abril. No primeiro, a companhia norueguesa da área de petróleo Seadrill, que controla a Seabras, alegou que precisava de mais tempo para fazer a oferta. Na segundo, ao anunciar a desistência, a empresa alegou que estava  “avaliando várias oportunidades para aumentar as atividades antes de fazer a listagem".


O presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP), Reginaldo Alexandre, ressalta que lançar ações num momento não favorável do mercado pode fazer com que as captações fiquem muito aquém do que desejavam no planejamento da oferta. “É como vender um carro logo após a redução de IPI”, compara Alexandre.
Ele ressalta que, além disso, uma oferta fracassada representa riscos de imagem tanto para a companhia que tentou realizar um IPO, quando para os bancos coordenadores do IPO. Para ele, um processo recuperação no volume de IPOs no mercado brasileiro passa por duas variáveis: economia local e mercado internacional.  De acordo com ele, embora o cenário externo seja determinante, uma retomada no nível de atividade na economia brasileira pode ser um fator de estímulo para a retomada das ofertas.


“Quem se arriscar agora, vai deixar um pedaço na mesa”, concorda o analista-chefe de investimentos da corretora SLW, Pedro Galdi. O analista também acha difícil que o mercado mostre recuperação no curto prazo, dependendo de uma série de notícias que voltem a criar uma “espiral positiva”.
O presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (AMEC)  Mauro Rodrigues da Cunha, acrescenta que ainda há um fator extra que desestimula as empresas a realizarem ofertas públicas no Brasil: os empréstimos oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros menores do que os praticados no mercado financeiro. “É um fator inibidor para o mercado de capitais no Brasil, já que as companhias que tem acesso ao BNDES preferem recorrer aos empréstimos do que lançar ações no bolsa”, afirma Cunha.

O fechamento de capital pode ser uma saída adotada por empresas que estão apresentando resultados ruins na Bolsa, um fator que pode ser acelerado pelo cenário de instabilidade que afeta os mercados globais. Mas não é uma regra que serve para todos os casos no qual o controlador decide tomar a medida, segundo avaliam especialistas do setor de mercado de capitais.



O sócio-líder de Global IFRS and Offerings Services  da Deloitte, Bruche Mescher, ressalta que existem várias razões para que as empresas optem pelo fechamento de capital, conforme a estratégia adotada pelo controlador. Mas, num momento de ações em baixa, pode ser vantagem fechar o capital, sobretudo se os preços dos papeis estiverem atraentes em relação ao valor real presumido da empresa. Ele lembra ainda que há custos operacionais para manter uma empresa com capital aberto, que podem não compensar se o desempenho na Bolsa não for satisfatório.
“Cada empresa tem um histórico e uma motivação para fechar o capital, mas se as ações estiverem muito baratas, pode ser uma boa oportunidade para a companhia recomprar os papeis, concorda Márcio Guedes, diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados de Capitais (Anbima).
Neste ano, grandes empresas como Redecard, Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) e Net deram início a processos de saída do Novo Mercado, nível máximo de governança corporativa da bolsa, e posterior oferta pública para fechamento de capital. Em,julho, foi a vez da LLX. A Net, entretanto, acabou desistindo do processo.
É o caso do fechamento de capital da LLX, braço logístico do Grupo EBX, de Eike Batista, a decisão pode ser interpretada como uma resposta ao movimento de desvalorização das ações da companhia, avalia o analista da Infinity Asset, Henri Evrard. De acordo com ele, ao retirar as ações do mercado, a LLX sinaliza que não vai precisar desse tipo de recurso para sustentar os  investimentos nos seus projetos, que estão em fase pré-operacional. A empresa foi listada no Novo Mercado da BM&FBOVESPA  em julho de 2008.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eficiência nas entregas

Por Paulo Fortuna
Para o Valor Setorial Franquias


O processo de modernização de suas franqueadas vai desempenhar um papel central nos planos dos Correios, companhia controlada pelo governo federal, para se manter como a principal empresa do setor de cargas e entregas  expressas do País. O desempenho das franquias se torna ainda mais relevante quando se leva em consideração que concorrentes do setor privado também adotam esse modelo para acelerar sua expansão no mercado brasileiro, como são os casos da JadLog e da Gollog.

Os Correios possuem 1.370 franquias, sendo que 810 foram licitadas no ano passado, e todas terão que operar dentro do novo modelo, que inclui sistema de automação de atendimento online com a empresa, imóveis compatíveis com a quantidade de guichês, mobiliários e equipamentos adequados aos padrões estabelecidos..

 As franquias têm até dia 30 de setembro para iniciarem a conversão e tem prazo de 12 meses para se adaptarem às novas regras. De acordo com vice-presidente de Rede e Relacionamento com os Clientes da estatal, Glória Guimarães, objetivo é que todas as unidades operem dentro do padrão de eficiência planejado pela companhia.

O funcionamento das novas unidades atende determinação legal. De acordo com as regras, os proprietários que assinarem o contrato e cumprirem as condições estabelecidas poderão abrir as novas lojas em até cinco dias após a verificação da empresa. Até o momento, 231 franqueados já estão operando no novo modelo.

“A iniciativa vai ao encontro das políticas de modernização dos Correios, promovendo a universalização e melhoria do atendimento ao público”, diz elel.  executiva adianta que os Correios podem continua a expandir a área de franquias, com uma nova rodada de licitações já no ano que vem.

A diretora avalia a empresa tem condições de se manter altamente competitiva no mercado, mesmo nas áreas em que a iniciativa privada tem forte presença. “Não há qualquer empresa no mercado brasileiro com a nossa capilaridade, já que estamos presentes em todas as cidades do País”, afirma Gloria Guimarães. No total, são 6.400 unidades dos Correios espalhadas em todas as regiões do País.

A Gollog, braço da Gol na área de cargas, tem entre seus grandes alicerces justamente a sua rede de franqueados.  “Dos nossos 110 terminais, somente dois, localizados em Congonhas e Guarulhos, são próprios”, conta o diretor de Cargas da Gol, Carlos Figueiredo. De acordo com ele, 75% do faturamento desta área vem hoje das unidades franqueadas.

Conforme Guimarães, uma vantagem competitiva da empresa nas operações de carga é a utilização dos espaços disponíveis de toda a frota da Gol, já que a empresa não possui aeronaves específicas para esta área.  “A rede conta a regularidade e a frequência dos voos nacionais e internacionais da Gol, com cerca de 800 voos diários. Além disso, temos um serviço de porta a porta de entregas que chega a 3.500 municípios do País”, diz o diretor da Gollog.

De acordo com o executivo, o perfil dos clientes atendidos pela Gollog – 95% são da área corporativa – exige que os franqueados da marca tenham grande conhecimento mercado em que atuam. “Não é o tipo de franquia em que o proprietário monta a loja e espera os clientes chegarem. Como atendemos principalmente empresas, o franqueado tem que ser pró-ativo no mercado”, explica.

De acordo com ele, a marca Gol é um grande fator de atratividade para os interessados em adquirir uma franquia da marca. “Tivemos 2 mil acessos de candidatos a franqueados da Gollog que chegaram a nós através do site da Gol”, afirma o executivo. Em junho deste ano, a Gollog participou pela primeira vez da feira de negócios promovida pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) e, segundo Figueiredo, 300 candidatos visitaram o estande da marca.

A expectativa da Gollog é fechar o ano com 130 franquias, com foco de crescimento principalmente na região Sudeste. De acordo com Figueiredo, o negócio de cargas e encomendas da Gol vem crescendo ano a ano. “De 2009 para 2010, a alta foi de 32% e no ano passado atingiu 18%”, afirmou ele. Segundo o executivo, o crescimento no volume foi de 10% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. “A expectativa é que, com a redução dos estoques das indústrias e o aquecimento da economia, o setor continua a crescer em 2012”, diz ele.

A JadLog, empresa especializada em cargas fracionadas, também aposta no fator capilaridade para continuar a se destacar no mercado brasileiro. Conforme o diretor da JadLog, Ronan Hudson, a companhia possui  492 unidades espalhadas em todas as regiões do País e pretende atingir 500 até o final deste ano. A JadLog faturou R$ 264 milhões no ano passado e a expectativa de crescimento da receita é de 22% em 2012.

 A JadLog possui frota aérea composta por 31 aviões de 1,5 toneladas de capacidade. A frota terrestre nacional abrange mais de 200 caminhões e carretas e 1.600 utilitários, além de aproximadamente 1.100 veículos de franqueados. De acordo com Hudson, a JadLog ainda tem acordos com empresas internacionais, como UPS e DHL, para operações de carga fora do território brasileiro.

Outro diferencial é a utilização da tecnologia. A Jadlog  usa a ferramenta ScanFraction, um sistema de rastreamento através da digitalização das imagens, o comprovante de entrega da encomenda, incluindo a assinatura do destinatário, dando assim segurança ao cliente de que os produtos foram entregues pontualmente.

A JadLog  também utiliza a ferramenta “Baixa de Entrega On Time”, pela qual o entregador, via aparelho de telefonia móvel e de transferência de dados pela internet, abastece de forma imediata o sistema da empresa com a informação da entrega da encomenda. Segundo ele, o modelo desenvolvido pela empresa prevê uma flexibilidade nas operações das executadas. ”Podemos customizar o nosso sistema de acordo com o perfil das operações do franqueado’, diz ele.

A experiência adquirida por Hudson no setor foi importante para a expansão das operações. Ele foi executivo da Vaspex, que era o braço no setor da extinta companhia aérea Vasp. Hudson lembra que a Vaspex, diferentemente da companhia controladora, apresentava bons resultados, mas foi afetada pela crise do grupo. O mesmo ocorreu, de acordo com Hudson, com a VarigLog, também prejudicada pelos problemas financeiros da Varig.  

“Trouxemos muitos franqueados que eram da VarigLog e estavam desassistidos”, conta Hudson. De acordo com Hudson, cerca de 40% dos franqueados da marca já trabalhavam em alguma atividade ligada ao segmento, em especial no modal de transporte, lembrando a importância de conhecer este mercado.

   
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Da limpeza ao call center, há espaço para crescer

Por Paulo Fortuna
Para o Valor Setorial Franquias
 
 
O setor de serviços está entre os líderes na expansão do setor de franquias no País. Segmentos tradicionais no mercado, como reparos domésticos e limpeza, apresentam uma demanda crescente, atraindo inclusive o interesse de multinacionais que já operam esse modelo com sucesso no mercado internacional. E também há espaço para o surgimento de novas frentes de negócios em áreas como a sanitização de ambientes, call center e películas automotivas.
A franquia Doutor Resolve, rede prestadora de serviços de reparos e reformas de imóveis com sede em São José do Rio Preto, no interior paulista, é um exemplo da rapidez do crescimento deste mercado. A empresa começou a atuar somente no segundo semestre de 2010 e já com 500 franquias, sendo 352 vendidas no ano passado. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), foi a franquia que mais cresceu em 2011.

Segundo o presidente da companhia, David Pinto, a Doutor Resolve surgiu justamente num momento em que ele sentiu na pele as dificuldades de encontrar uma mão de obra eficiente durante a reforma de um imóvel, quando estava prestes a se casar. Ele se deparou com o déficit de oferta de profissionais qualificados na construção, agravada pelo acelerado crescimento do setor, após anos de estagnação.
“Com o aquecimento do setor, todos os tipos de profissionais especializados foram contratados pelas construtoras e faltou mão de obra no mercado”, lembra o empresário, que usou a sua experiência anterior no setor de franquias para desenvolver o modelo da empresa.      

Poucos meses após lançar a marca, que oferece serviços de pintura, elétrica, alvenaria, hidráulica e jardinagem em imóveis de todos os estado, a Dr. Resolve já contava com unidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A meta agora é se expandir para todo o Brasil.

Além da demanda pelos serviços prestados, Davi Pinto, cita outro fator essencial para esse crescimento: valor cobrado pela franquia. “O franqueado investe cerca de R$ 38 mil para iniciar seu negócio. É um valor acessível para a nova classe média brasileira, que está ascendendo socialmente e se tornando mais empreendedora”, afirma ele.  A meta de David Pinto atingir mil  franquias até o final de 2013.

De acordo com ele, a expansão poderia até ser mais acelerada caso houvessem profissionais disponíveis no mercado para atender ao serviços desenvolvidos pela Dr. Resolve. De olho nesta dificuldade, David Pinto decidiu investir numa nova marca, o Instituto da Construção, franquia de cursos profissionalizantes voltada exclusivamente para o segmento de construção civilA empresa já conta com unidades em funcionamento em São Paulo, São José do Rio Preto, interior paulista, e Porto Alegre, Rio Grande do Sul, além de 27 unidades vendidas que devem ser inauguradas neste segundo semestre.

O modelo de franquias implantado no Brasil pela multinacional norte-americana Jan-Pro, especializada em limpeza comercial, também tem como um dos alvos prioritários os empreendedores das classes C e D. Segundo o diretor de Novos Negócios da companhia no Brasil, Renato Ticoulat Neto, uma franquia da marca pode ser adquirida a partir de R$ 5,2 mil, atendendo ao franqueado que pretende operar seu próprio negócio, mas tem pouco capital para começar a investir.

Uma vantagem nesse modelo, de acordo com ele, é que o dono da franquia pode optar por começar a operação sozinho, sem a necessidade de contratar funcionários. Conforme o executivo, a Jan-Pro se responsabiliza pela indicação do primeiro cliente do franqueado. A companhia também tem modelos desenvolvidos para franquias de maior porte, que podem receber investimentos de até R$ 80 mil.

A Jan-Pro tem 15 franquias em funcionamento no País e implantou recentemente quatro novos escritórios em Belo Horizonte, Londrina, Campinas e Manaus, que se somaram ao de São Paulo. “Neste segundo semestre, os planos são de abrir escritórios em Salvador, Brasília e Fortaleza. Não abrimos ainda no Rio de Janeiro porque precisamos de uma estrutura completa para começar a atuar num mercado deste porte”, afirma o executivo.   

Para os clientes, a grande vantagem apresentada pela Jan-Pro é a redução de custos proporciona pela tecnologia desenvolvida pela empresa na limpeza comercial e que trazem ganhos de produtividade.Ticoulat cita itens como panos de microfibra que absorvem mais sujeira que os convencionais e aspiradores mais eficientes no processo de limpeza. “Com isso. o custo de uma limpeza de um escritório pode cair de R$ 2,5 mil por mês para R$ 700,00”, exemplifica ele.

No mercado de limpeza há 21 anos, o executivo já foi responsável pela implantação de outra multinacional do setor no País e vê grandes perspectivas de crescimento nesta área de limpeza comercial.  Ele lembra que a tendência é que o setor corporativo amplie cada vez mais a terceirização desse tipo de serviço e quem for mais competitivo ocupará os espaços neste mercado. A meta da empresa para o mercado brasileiro é ambiciosa, pretendendo chegar a 2 mil franquias dentro de três anos. A empresa possui hoje 118 escritórios e 12 mil franqueados espalhados por diversos países.

Empresa com tradição no mercado de películas automotivas, a Security Glass também está baseando a expansão dos negócios na marca através do sistema de franquias. A Security Glass conta hoje com três franqueados, dois na capital paulista e um em Campinas, mas projeta dobrar o número de unidades até o final deste ano, de acordo com José Maurício Guimarães, diretor de Expansão da companhia.

Guimarães já elegeu alguns mercado prioritários para começar a expansão: Grande ABC, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e as principais cidades do interior paulista. De acordo com ele, o perfil mais comum de novos candidatos a franqueados da marca são empresários que já atuam em outras atividades comerciais. Mas, lembra ele, há uma característica importante que pode ser fundamental no sucesso da franquia: “tem que gostar de carro”, diz ele, lembrando ainda que o franqueado terá que realizar um trabalho de aproximação com as concessionárias de veículos da região, que oferecem as películas no momento de venda dos automóveis novos.

 A  Security Glass comercializa três categorias de produtos: películas de controle da luz solar com filtro UV (que no Brasil são utilizadas mais pelo efeito estético), películas de segurança convencional e a  película de segurança máxima Security Glass, produzida nos Estados Unidos, da qual a empresa é representante oficial no Brasi e é a grande aposta da empresa. “É um produto destinado a coibir ações como a quebra de vidros dos carros para realizar furtos, como é comum no trânsito brasileiro”, diz o executivo.

Este produto vem ampliando sua participação nas vendas da empresa a cada ano. Em 2011, atingiu um percentual de 20% dos negócios, o melhor resultado já obtido desde 2004, quando a linha foi lançada no mercado brasileiro. Outro trunfo apresentado pela Security Glass foi o fechamento da parceira com a multinacional norte-americana 3M para distribuir e aplicar suas películas para vidros de veículos da marca Window Film3M

Com 10 aos de expertise no mercado de contact Center, a NetCallCenter decidiu entrar no mercado de franquias no ano passado, mas baseia seu projeto de expansão fora de grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. “São mercados onde a área de call center já está bem atendida.Queremos levar esse modelo para cidades em que as empresas de call center são necessárias, porém escassas”, afirma a vice-presidente de Marketing  e Estratégia de Negócios da NetCallCenter, Clarice Kobayashi.
Em um ano, já há três franquias em funcionamento e mais uma em implementação, em Fortaleza, no Ceará. Até julho de  2013, a empresa prevê 12 unidades em funcionamento, afirma Clarice Kobayashi. De acordo com ela, o perfil dos novos franqueados podem ser tanto empreendedores que pretendem entrar nesta área quanto empresários que já atuam na área de call center, mas usarão a tecnologia desenvolvida pela companhia para realizarem um upgrade em seus negócios. “Mas é fundamental que o franqueado tenha conhecimento da mercado da região em que vai atuar”, lembra ela. 

A configuração das franquias NetCallCenter contempla toda a infraestrutura de telefonia, links de internet, computadores, rede local e o software Orbium, que permite ao franqueado distribuir, regionalizar e personalizar chamados tanto de atendimentos ativos como receptivos, além de fazer uma gestão unificada dos canais. Já a rede de franqueados tem como sua responsabilidade a prestação do serviço com qualidade, o suporte de primeiro nível e a prospecção de novos negócios.

A preocupação cada vez maior com problemas de saúde causados por microorganismos em ambientes fechados é um fator de grande impulso para a  SuperSAN, empresa especializada  na sanitização de ambientes internos.  A empresa já possui 53 operações e tem como foco principal o crescimento nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, conta o diretor de Marketing e Expansão da companhia, Daniel Gamez.

A SuperSAN trabalha com um sistema de sanitização em ambientes fechados (como casas, apartamentos, empresas, veículos e hotéis) que, segundo a empresa, elimina microorganismos nocivos à saúde. De acordo com Gamez, o processo impede por até seis meses o surgimento de bactérias, ácaros e fungos que provocam uma série de doenças respiratórias. 

Umas das estratégias da empresa junto aos franqueados é garantir a exclusividade territorial. “Queremos que os nossos franqueados desenvolvam o seu território e cresçam com as suas atividades sem a concorrência de outra franquia da marca”, diz Gamez. De acordo com ele, a empresa busca franqueados que, além da capacidade de gerir o empreendimento, tenham afinidade com a filosofia da empresa. “Os franqueados têm que ter a consciência que estão levando qualidade de vida para as pessoas”, afirma o executivo.

 http://www.revistavalor.com.br/home.aspx?pub=68&edicao=1

 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Patrimônio revisto

Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo 

A indústria brasileira de private banking continua a apresentar índices expressivos de crescimento no volume de ativos. O cenário, porém, é desafiador para os gestores das contas desses exigentes clientes. A meta é tentar garantir que seus mais importantes correntistas individuais consigam manter os rendimentos em meio a um cenário de instabilidade global, aliado às sucessivas quedas das taxas de juros básicos no país, que reduziram o ganho de aplicações tradicionais como fundos DI. Instrumentos financeiros não faltam no mercado para atender a esse público, mas nem sempre é fácil convencer os mais conservadores a buscar novas modalidades de investimentos.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) - que considera private os clientes que têm pelo menos R$ 1 milhão de investimento - o volume total de recursos sob gestão nessa área cresceu 6,87% no primeiro trimestre, passando de R$ 434,4 bilhões em dezembro para R$ 464,2 bilhões em março. Mas a quantidade de grupos que investem (pode ser um cliente pessoa física ou uma família) não teve a mesma evolução, caindo 1,33%, para 49.931.
 
Os resultados repetem o quadro apurado nos últimos anos, já que em 2011 a indústria de private banking registrou aumento de 21,6% no volume de ativos, praticamente o mesmo ritmo de expansão observado em 2010, de 22,9%. O crescimento acumulado nos últimos dois anos foi de 49,5%. Já a base de clientes subiu apenas 5,7%, contra 12,2% em 2010, elevando o volume médio de recursos por cliente de R$ 7,5 milhões para R$ 8,6 milhões.

O vice-presidente da Anbima, Celso Portásio, acredita que essa indústria continuará a crescer em ritmo elevado ao longo deste ano, mesmo com as constantes revisões para baixo de elevação do PIB. "O volume de recursos vai aumentar, em termos nominais, de 5% a 6% acima do PIB", diz.
Portásio ressalta que no início deste ano um expressivo volume de fusões e aquisições no mercado brasileiro proporcionou aumento de liquidez para clientes que se enquadram nessa faixa de mercado e, consequentemente, mais recursos a serem administrados. Conforme dados da KPMG, foram realizadas 204 operações nos primeiros três meses, um avanço de 22% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

"Os gerentes private agora têm de convencer seus clientes que, para preservar ou elevar seu patrimônio, eles precisam pensar num alongamento dos prazos de suas carteiras ou assumir outros tipos de riscos", afirma Portásio.
Os resultados registrados pela Anbima no primeiro trimestre mostraram um crescimento de 8,09% nos recursos alocados para fundos de investimentos, para R$ 202,1 bilhões, mantendo ali a preferência entre todos os tipos de aplicações no private, com 43,5% do total, valor similar ao do trimestre anterior.

Os dados mostram que há uma evolução em busca de opções de fundos mais sofisticados. Os investimentos em fundos exclusivos/restritos atingiram R$ 87,5 bilhões, alta de 6,94%. Os fundos estruturados receberam R$ 17,7 bilhões, um aumento de 13,08%.

Já os recursos aplicados em títulos e valores mobiliários avançaram 6,6% no período, para R$ 236,9 bilhões. Nesse segmento, entretanto, a maior alta foi registrada nos investimentos em renda variável, como ações, que cresceram 17,69%. O volume investido em ativos de renda fixa como títulos públicos e privados cresceu somente 2,2%.

Investimento pouco utilizado pelos clientes de alta renda, a caderneta de poupança caiu 35,94% em março, para R$ 3,1 bilhões. Já o montante empenhado em fundos abertos de previdência avançou 12,04%, para R$ 21,6 bilhões.

"Temos que realizar um trabalho junto a alguns de nossos clientes private para que eles façam uma revisão na sua cultura de investimentos e saiam da zona de conforto de aplicações em renda fixa, como o CDI", diz o diretor-executivo do Itaú Private Banking, Celso Scaramuzza. Contudo, lembra Scaramuzza, a virada do mercado também exige mudanças por parte dos próprios executivos do banco que atuam nesse segmento e que devem ser mais proativos.

De acordo com ele, o banco está realizando o chamado "private review", intensificando a revisão periódica das carteiras dos clientes desse segmento, que no Itaú devem ter no mínimo R$ 3 milhões aplicados. "Procuramos oferecer produtos alternativos, como fundos imobiliários, de private equity ou operações estruturadas de tesouraria", destaca o diretor-executivo do Itaú. Scaramuzza ressalta que os gerentes private, por sua vez, também serão avaliados conforme o desempenho dessas carteiras, que podem inclusive ter opções de investimentos em operações no exterior.

Convencer os mais resistentes a enfrentar esse novo cenário exige um atendimento ainda mais personalizado por parte dos bancos, revela o diretor de private banking do Bradesco, João Albino. "O tempo de conversa com os clientes aumentou muito por causa da queda dos juros. Se antes levávamos 10 minutos para discutir as melhores opções, agora levamos 40", diz o executivo. O banco estabelece o piso de R$ 3 milhões.

Albino diz que faz parte do trabalho dos gerentes de private mostrarem aos seus clientes as mudanças no quadro a que estavam acostumados, com juro alto, liquidez e baixo risco, como os CDBs. "É um processo de reeducação", resume.

Para o executivo, os cenários de volatilidade e instabilidade reforçam a posição dos grandes bancos de varejo na área de private banking no Brasil. "Para esses clientes, a solidez da instituição financeira pesa muito no momento de confiar o seu patrimônio", destaca ele.

O vice-presidente de atacado, negócios internacionais e private banking do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, também avalia que a reputação da instituição financeira acaba sendo decisiva para esse aplicador. "Desde 2008, houve uma migração de clientes private de outros bancos para o BB", afirma Caffarelli.

O executivo ressalta que o BB tem outras vantagens competitivas como a sinergia do private banking com outros setores do banco, como atacado e mercado de capitais. Esse sinergia foi acentuada desde o começo do ano, quando o segmento private passou da área de varejo para a de atacado, que atende grandes empresas. "Muitos clientes da área de private já mantinham um relacionamento com o banco através de suas empresas", lembra o executivo. O BB aceita clientes a partir de R$ 2 milhões de investimento.

Para a diretora do private banking do Santander, Maria Eugênia Lopes, a atuação dos executivos que tratam dessas contas passou a ser ainda mais relevante, sobretudo nos casos daqueles que não viam necessidade de diversificar investimentos por causa dos juros altos. Segundo ela, é necessário reforçar serviços como orientação e assessoria patrimonial. "Agora, mais do que nunca, o atendimento a um cliente private é algo muito mais amplo do que somente orientar seus investimentos', afirma a executiva, citando áreas como a assessoria fiscal e sucessão familiar.
Maria Eugênia destaca que os clientes private não são importantes somente por conta dos recursos que têm para investir na instituição - no Santander também devem ser superiores a R$ 3 milhões. "O cliente private tem um papel aspiracional dentro do banco, não apenas para os correntistas, mas também para os funcionários", ressalta.

"O nível de atendimento aos clientes é o segredo do sucesso nesse mercado", opina o diretor-geral do HSBC Private Bank no Brasil, Gabriel Porzecanski. Para manter a excelência pretendida pelo banco, o foco do HSBC passou a ser clientes com investimentos a partir de R$ 5 milhões, embora os clientes da faixa de R$ 2,5 milhões - que era o limite mínimo - tenham permanecido. "Não queremos ser o maior banco de private banking e sim o melhor", diz ele, sobre a opção por clientes de renda ainda mais elevada.


http://www.valor.com.br/financas/2768190/patrimonio-revisto#ixzz28ReYny00

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Recursos de base


Por Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo 

Os investimentos no setor de infraestrutura podem ser a alternativa mais viável para o crescimento sustentável da economia brasileira nos próximos anos e a melhor proteção contra as crises que afetam o mercado global. Mas para isso é necessário que sejam criados novos instrumentos de financiamento para o setor e aperfeiçoados os que já existem. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib),  a expectativa é de entre 2011 e 2015, o setor receba investimentos de R$ 922 bilhões, mas a entidade acredita que esse número poderá ser ainda maior, se forem tomadas medidas para incentivar novos projetos.
Do total de volume de investimentos previstos pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), R$ 142 bilhões são destinados ao setor de energia elétrica, R$ 424,5 bilhões para a área de petróleo e gás, R$ 172 bilhões para Transportes e Logística, R$ 98,5 bilhões para telecomunicações e R$ 85 bilhões para a área de Saneamento.
Segundo números atualizados da Abdib, a preços de 2011, os investimentos realizados no setor de infraestrutura, incluindo recursos públicos e privados, aumentaram de cerca de R$ 63 bilhões em 2003 para algo em torno de R$ 170 bilhões no ano passado.
Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que o setor receba investimentos totais de cerca de R$ 1,5 trilhão de reais até 2015. Outro levantamento, realizado pela Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), indica que os investimentos podem atingir R$ 1,47 trilhão no mesmo período, com a realização de 12.265 obras.
O presidente da Abdib, Paulo Godoy, ressalta que, diante de carências e gargalos existentes em diversos setores, o investimento em infraestrutura pode se transformar num indutor de crescimento para outras cadeias produtivas, com um impulso importante na geração de renda e emprego, além de colaborar para o fortalecimento da competitividade da economia brasileira. “Defendemos que os investimentos em infraestrutura são um antídoto contra os efeitos da crise global”, diz o presidente da Abdib, lembrando que setores como a construção civil são intensivos na geração de postos de trabalho.
Godoy também defende incentivos à poupança interna para que um mercado de financiamento de longo prazo se desenvolva no País. O presidente da Abdib acredita que instrumentos de mercado, como as debêntures para infraestrutura, podem ser mecanismos eficientes para o financiamento de projetos do setor, reduzindo a dependência do BNDES. O banco de fomento do governo federal é hoje o principal financiador de projetos de infraestrutura no País.
 Apesar de destacar o aumento dos aportes em infraestrutura, Godoy ressalta que o setor de petróleo e gás acabou inflando os resultados finais e que há setores que receberam aportes bem abaixo do que seria necessário para fazer frente às necessidades do País. Para ele, o setor de transporte e logística é que o necessita de maiores investimentos, sobretudo porque é uma área chave para a competitividade das empresas brasileiras.
Godoy classifica como positivo o cenário de investimentos para os próximos anos – incentivado por eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas – mas avalia que os poderiam ser ainda maiores. “Nós estamos realizando investimentos, mas outros países também estão. E há setores, como transporte e logística, em que estamos na rabeira nos índices de eficiência e competitividade”, ressalta o presidente da Adbid.

Godoy defende não somente que o governo promova mais investimentos em infraestrutura, mas também faça melhor gestão dos recursos disponíveis e diminua os entraves burocráticos para o desenvolvimento de projetos com capital privado. “Não é necessário apenas aumentar os recursos, mas melhorar a gestão deles. Com a melhoria da gestão, há ganhos de velocidade, preço e qualidade na execução dos projetos”, afirma ele.

A Abdib apoia o modelo adotado na concessão dos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília, em que as empresas vencedores dos leilões terão que pagar, somandas, R$ 24,5 bilhões em outorgas, além de realizar investimentos de R$ 16 bilhões. A entidade acredita que o modelo de concessão pode ser ampliado em outros setores carentes de investimento, como o saneamento básico, que está longe de atender a maior da população brasileira. Para alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto, seriam necessários, ao longo de 15 anos, investimentos anuais de R$ 20 bilhões.

O economista do Iedi Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e professor da Unicamp, avalia que as melhores alternativas para sair da estagnação da economia estão em reforçar o investimento público em infraestrutura e lançar mão de mecanismos para acelerar a participação do capital privado na indústria e em outros setores da economia. “Os incentivos em infraestrutura resultam em investimentos duradouros que ficam e não podem ser retirados depois”, ressalta ele. 

Ele ressalta que, apesar de positivas, as medidas que o governo vem tomando para enfrentar a crise global, com o incentivo ao consumo de bens duráveis, com o corte de impostos e a redução das taxas de juros do crédito, trazem resultados, mas há o risco de que elas não tenham o mesmo efeito de 2008/2009, quando foram tomadas medidas semelhantes para enfrentar as consequências da turbulência na economia mundial.  “Como já houve estímulo ao consumo para enfrentar a crise de 2008, as medidas tomadas agora podem ter um impacto mais modesto, porque há um limite para que surtam efeito ”, diz o economista.

O BNDES projeta um crescimento no volume de liberações de recursos para o setor de infraestrutura. Nos primeiros quatro meses do ano, o setor de infra-estrutura respondeu por 39% (o equivalente a R$ 13,5 bilhões) do total liberado pelo banco, seguido pela indústria, com participação de 28% (R$ 9,4 bilhões), comércio e serviços (R$ 8,2 bilhões) e agropecuária (R$ 3 bilhões).

As maiores liberações ocorreram nos projetos de transporte rodoviário (R$ 5,5 bilhões) e de energia elétrica (R$ 4,2 bilhões). O ritmo de investimentos deve confirmar as projeções feitas pelo BNDES de desembolsos totais em infraestrutura de aproximadamente R$ 60 bilhões este ano (sem considerar o Finame, linha para a compra de máquinas e equipamentos), acima dos R$ 56 bilhões liberados em 2011.

No último dia 15, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a liberação de R$ 20 bilhões para investimentos em infraestrutura nos estados. Os recursos fazem parte de uma linha de crédito do BNDES chamada Pró-Investe, com financiamento de 20 anos, um ano de carência e taxa de juros que vai de 7,1% a 8,1% ao ano (TJLP mais 1,1% ao ano para operações com aval da União e TJLP mais 2,1% para operações sem essa garantia). O anúncio foi feito após reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e governadores no Palácio do Planalto. Segundo Mantega, as medidas anunciadas fazem parte de uma ação anti-cíclica para diminuir a exposição do Brasil à crise econômica internacional.
O ministro anunciou ainda a redução de tributos incidentes nas Parcerias Público-Privadas (PPPs) -- parceria que União e estados fazem com o setor privado para investimentos -- e a ampliação de 3% para 5% da receita corrente líquida que cada estado poderia comprometer com estas operações.

Um instrumento financeiro que pode incentivar o setor de infraestrutura é a emissão de debêntures por empresas com projetos nesta área. Há um ano, o governo editou a Medida Provisória 563, que está em tramitação no Congresso e ainda precisa ser convertida em lei, estabelecendo esse mecanismo. Com o objetivo de viabilizar fontes alternativas para o financiamento de longo prazo da economia brasileira, a norma, reduziu para zero a alíquota de imposto de renda no investimento de estrangeiros e pessoas físicas em títulos emitidos por empresas, como debêntures. Mas não surtiu o efeito esperado pois nenhuma operação foi realizada até agora.

Para tentar alavancar esses investimentos, o governo mandou para o Congresso um pacote de ajustes na Lei 12.431, que concede benefícios fiscais na captação de recursos voltados a projetos de investimento e infraestrutura.

A expectativa é que as mudanças contribuam para reduzir as incertezas jurídicas que vêm travando as captações. Entre as novidades, está a previsão para que a empresa use os recursos captados dos investidores para pagar compromissos assumidos antes da emissão. Na interpretação de parte do mercado, o texto original da lei não prevê essa possibilidade. Isso significa que a companhia pode, por exemplo, usar o recurso para pagar um empréstimo-ponte realizado para viabilizar o projeto. 
O governo decidiu ainda flexibilizar o percentual alocado em debêntures incentivadas que os fundos de investimento precisam deter para se valer do benefício fiscal, de 98% para 85%. Nos dois primeiros anos, o fundo pode ter uma exposição ainda menor, de 67%.
Mas os agentes do mercado acreditam que o as modificações podem ser ampliadas. Por exemplo, o governo poderia flexibilizar ainda mais a exigência de que 85% no percentual alocado em debêntures incentivadas que os fundos de investimento precisam deter para se valer do benefício fiscal. O benefício fiscal, entretanto, valeria somente para a parcela referente às debêntures destinada ao projeto de infraestrutura, o que facilitaria a formação de fundos de investimento com esse objetivo.
 Apesar do mecanismo ainda não ter decolado, o presidente  BNDES, Luciano Coutinho, estimou que cerca de 30% dos recursos que serão tomados para investimentos em infraestrutura até 2015 podem ser captados essas debêntures vinculadas ao setor. De acordo com ele, podem chegar a até R$ 500 bilhões de reais neste prazo.
Para a advogada especialista em estruturação de projetos de infraestrutura, Rosane Lohbauer Menezes, do escritório MHM, essas ações mostram que o governo está empenhado em estimular a participação do setor privado no setor. Mas ela ressalta que há outras medidas importantes que podem alavancar investimentos, como a desoneração dos investimentos para o setor. Além disso, ressalta, é necessário aperfeiçoar a modelagem de investimentos como as PPPs. Por conta da carência de corpos técnicos, faltam projetos para essa área, destaca a especialista.
A advogada ressalta que existem outros mecanismos de captação de recursos para projetos de infraestrutura que ainda não foram utilizados, mas que podem vir a ter participação importante, como os fundos de Fundos de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE), que possuem benefício fiscal específico para financiamento de projetos de infraestrutura nos setores de energia, transporte, água, saneamento básico, irrigação e outros que o governo federal venha a determinar.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Redução de juros provoca demanda por diversificação


Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo 

A indústria de fundos de investimento no Brasil, que tem um patrimônio líquido de R$ 2 trilhões, está passando por um novo momento, proporcionado principalmente pela política de redução dos juros básicos da economia por parte do Banco Central (BC), que na última reunião fixou a taxa Selic em 8,5% ao ano. Com isso, os fundos baseados nas taxas de juros básicos (e também seu espelho, o CDI), como os tradicionais DI, classificados como de baixo risco, tendem a ser menos atraentes, o que cria uma tendência de migração por parte dos investidores, como já apontaram os resultados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Os fundos de investimento fecharam o mês de maio com resgate líquido de R$ 4,236 bilhões, segundo dados da Anbima.  Com a tendência de redução da taxa básica de juros, os fundos DIs lideraram os saques no mês, registrando saída líquida de R$ 6,740 bilhões. No ano, a categoria acumula aporte líquido de R$ 17,192 bilhões.
Os multimercados também registram resgate líquido em maio que somaram R$ 5,275 bilhões. No ano, no entanto, a categoria acumula entrada líquida de R$ 4,780 bilhões.Já os fundos de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 3,707 bilhões no último mês, impulsionada pelos fundos renda fixa índice, que podem aplicar em papéis prefixados e indexados à inflação. No ano, a categoria acumulava aporte líquido de R$ 24,052 bilhões.
O diretor de Investimentos da HSBC Global Asset Management, Mário Felisberto, confirma que já há um movimento de clientes, que preocupados com a perda de rentabilidade dos fundos atrelados à Selic, estão buscando novas opções oferecidas pela instituição financeira. “O investidor está tomando consciência de que não adianta ficar somente num investimento conservador. Se quiser ganhar mais, ele terá que correr mais riscos”, afirma Felisberto. “O desafio é preparar os clientes para que essa migração seja gradual e pouco traumática”, destaca o executivo.

De acordo com Felisberto, o HSBC já vinha desenhando a estratégia de trabalhar com um cenário de juros mais baixos e se preparou para oferecer aos clientes produtos mais sofisticados. O diretor aponta, por exemplo, a tendência de fundos de renda fixa baseados em crédito privado ou a índices de preços (como o IPCA) ou nos fundos multimercado, que podem combinar renda fixa e variável em sua composição.

Entretanto, ele avalia que momento de mercado não é recomendável para investimentos em fundos de ações. “A redução nas taxas de juros tende a favorecer os investimentos em bolsa, mas o mercado de ações tem sido afetado pela tensão no cenário internacional”, afirma Felisberto. “Precisamos tem cuidado nesta transição. O investidor que sair diretamente de um fundo de DI para o mercado de ações pode se machucar”, diz ele. 

O Itaú vem se preparando desde 2005 para este momento do mercado afirma o head da área de Multimercados da instituição financeira, Marcelo Siniscalchi.  “Nós apostamos neste cenário de convergência de taxas de juros há oito anos e buscamos os melhores profissionais do mercado para trabalhar dentro dessa estratégia”, afirma o executivo. “O resultado foi que em 2005 tínhamos um PL de R$ 190 milhões em head funds e hoje chegamos a R$ 5 bilhões”, afirma o executivo.

Com o novo cenário, acredita que os fundos Siniscalchi multimercados podem ganhar ainda mais espaço, por conta da possibilidade de diversificação dos investimentos. “É importante que o cliente saia que existem diversos tipos de fundos multimercados, para perfis diferentes de investidores”, afirma ele. Há fundos multimercado mais arriscados ou moderados, com ou sem renda variável na carteira, e o gestor podem optar por ações ou cestas de moedas, por exemplo.

Paulo Barbosa, sócio da STK Capital, gestora de recursos com foco em renda variável, afirma que a boas opções no mercado de ações, mesmo com a volatilidade das bolsas do redor do mundo, inclusive no Brasil. “O mercado de bolsa é o único que, quando há uma promoção, os clientes saem correndo da loja”, brinca Barbosa, se referindo ao fato de muitos papéis, em razão da crise global, estarem excessivamente descontados.
Barbosa ressalta que o investidor de fundo de ações deve levar em conta um estratégia de longo prazo. Um dos fundos geridos pela STK tem posições primordalmente compradas, também considerando a capacidade de distribuição de dividendos das empresas investidas. 

Os dividendos são repassados mensalmente aos cotistas do fundo, o que reduz o imposto de renda incidente sobre os rendimentos no resgate de cotas (os dividendos são isentos de tributação). De acordo com ele, a STK também tem apostado em setores e empresas que avaliam ser promissores, como o Banco Itaú Cosan e companhias que atuam na área de shoppings.

Marcos Antonio Martins, sócio da Pulsar Invest, especializada na gestão de grandes fortunas, ressalta que grande parte dos clientes ainda são conservadores em relação ao grau de risco. Mas, ainda assim, ele acredita que deve haver uma maior exposição dos investidores em produtos de renda variável. A Pulsar, através de sua controlada GPS, monta a carteiras de investimentos de acordo com a necessidade de seus clientes e suas famílias – a empresa não vende financeiros próprios - que devem ter no mínimo R$ 3 milhões para aplicar. 

Os gestores independentes acham que o novo cenário é benéfico para as instituições que, segundo eles, têm mais flexibilidade para atender os clientes da área de fundos do que os grandes bancos, que hoje ainda concentram grande parte das operações no mercado brasileiro. A Órama Investimentos aposta na plataforma da internet para oferecer aplicações em fundos para clientes que têm a partir de R$ 5 mil para investir. De acordo com a consultora de investimentos da Órama, Sandra Blanco, a proposta é dar ao varejo acesso a fundos antes limitados aos clientes de altíssima renda dos private banks. “Oferecemos fundos sofisticados que normalmente exigiriam dos clientes aplicações iniciais bem mais elevadas”, afirma a consultora de Investimentos. 

O diretor técnico da Apogeo Investimentos, Paulo Bittencourt, acredita que é hora dos investidores de fundos saírem da “zona de conforto” e procurarem opções mais diversificadas no mercado, embora ressalte que a migração não será tão fácil, por falta de mais produtos diferenciados. A ideia é da Apogeo oferecer aos clientes da gestora um “coaching financeiro” para a escolha do melhor produto compatível com seu perfil.

“Dificilmente um cliente vai sair de um fundo DI e aplicar diretamente na Bolsa. Ele deve experimentar primeiro um fundo de ações”, exemplifica Bittencourt.  A Apageo tem sete fundos  em operação, sendo três referenciados DI, dois multimercados e dois de ações. O público-alvo da gestora são clientes que tenha entre R$ 25 mil e R$ 3 milhões para investir.