quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mercado brasileiro se torna atraente

Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

O crescimento do mercado brasileiro de private banking deve ampliar o volume de instituições financeiras interessadas disputar os recursos destes clientes milionários no País; “O Oriente Médio e os países emergentes, entre os quais o Brasil, são os principais focos de investimento no mundo e é natural que as grandes instituições financeiras globais tenham interesse no nosso mercado”, afirma Roberto Marchi, sócio da consultoria norte-americana Bozz & Company no Brasil. “Mas, por enquanto, o que existe é somente uma promessa de que pode haver uma competição mais acirrada no mercado brasileiro”, destaca o executivo.

Marchi ressalta que há bancos estrangeiros com foco na área de private que só poderão crescer em maior escala se investirem nos mercados que estão em expansão acelerada, como o Brasil. “Se um banco suíço, por exemplo, quiser se expandir na área de private, não tem como escapar de investir nos novos mercados emergentes”, afirma ele.

O sócio da Bozz & Company lembra que, mesmo que não tenham grande presença no mercado brasileiro, instituições financeiras internacionais podem trazer como diferencial uma escala global e novos instrumentos de atuação neste segmento.

Ele ressalta que as oportunidades no mercado local estão crescendo não apenas por conta de investimentos externos, mas também de brasileiros que anteriormente aplicavam o seu dinheiro no exterior e retornaram com o capital para o País. Segundo ele, esse retorno ocorreu tanto pelo aumento das boas oportunidades de negócio e da redução dos riscos no Brasil, como também pelas maiores restrições impostas internacionalmente para as operações off-shore.

O presidente do Comitê de Private Banking e diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Celso Portásio, também avalia que disputa pelos ativos deste mercado deve ficar mais acirrada. Mas, para ele, o movimento deve acontecer principalmente de instituições que já atuam no mercado e que devem ampliar os investimentos no setor.

Para Portásio, mesmo estabelecendo linhas de corte maiores para clientes de private bank, as maiores instituições financeiras não devem perder fatia significativa deste mercado no Brasil.

O professor de economia e de mercado financeiro da Escola Trevisan de Negócios, Alcides Leite, acha que a expansão da riqueza no Brasil gera oportunidades tanto para os grandes bancos quanto para os gestores independentes. Segundo ele, as empresas de menor porte podem investir num atendimento mais personalizado ao clientes mas, em contrapartida, as maiores instituições financeiras também têm como implantar estruturas segmentadas para adotar estratégias voltadas para nichos de mercado como o private banking.

Leite lembra que somente com a estabilização da economia os bancos brasileiros investiram mais fortemente no atendimento ao varejo, mesmo nas faixas de renda mais elevadas. Até então, ao contrário do que ocorria em mercados mais maduros como nos EUA, estas operações ficavam em segundo plano, em detrimento de operações de tesouraria, por exemplo, ressalta o professor

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