segunda-feira, 28 de junho de 2010

Boas oportunidades para o país produzir games para celulares

Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo
28/06/2010

O desenvolvimento de games para celulares está se tornando o segmento mais promissor para as empresas brasileiras da área de jogos eletrônicos, que já conseguiram emplacar alguns sucessos de vendas no mercado internacional.
Em comparação com outros tipos de jogos, o desenvolvimento de games para telefonia móvel é considerado rápido, barato e de fácil distribuição, um esquema que favorece empresas menores e mais ágeis, o perfil da maioria das jovens companhias nacionais.

Atualmente, cerca de 30% dos jogos desenvolvidos no Brasil se destinam especificamente ao mercado de celulares, afirma André Penha, vice-presidente da Abragames (a entidade que reúne as empresas do setor) e sócio proprietário da Tec Toy Digital, braço do grupo TecToy, que atua em várias frentes na área de jogos e produtos eletrônicos. Penha diz que tendência é de crescimento do mercado, tanto na participação do setor de jogos quanto no lançamento de produtos. De acordo com ele, a contínua melhoria da tecnologia dos celulares incentiva as vendas e o desenvolvimento de games, embora isso também encarece os custos.

Penha ressalta que os desenvolvedores brasileiros de games para celulares ficaram livres até agora, por razões tecnológicas, das ações da pirataria, o que possibilita que eles consigam lançar seus produtos no País e, dessa forma, possam se preparar para alcançar o mercado externo, uma experiência que faz falta em outras áreas de jogos no Brasil. Na área de games para celular e PCs, ainda é grande a quantidade de jogos de sucesso copiados e vendidos de forma ilegal.

Mas o executivo alerta que as empresas nacionais devem se apressar para não perder a chance de entrar no mercado internacional, que tende a ficar mais disputado, já que os grandes produtores globais de jogos começam se interessar pela área de celulares, com o lançamento de games com versões para todos os tipos de plataformas. “A hora de entrar neste mercado é agora, porque esse jogo vai ficar cada vez mais disputado”, ressalta Penha.

A Tec Toy Digital vem emplacando deste o ano passado no mercado internacional o jogo “PoChikenPo”, baseado no desenho brasileiro “Galinha Pintadinha”. O game é dos pouco jogos infantis disponíveis para iPhone e ipod Touch. A empresa também investiu numa área nova no País: o desenvolvimento de um game baseado num álbum musical. O Chiaroscuro - o Jogo, da cantora baiana Pitty, foi lançado simultaneamente com o disco em 2009 e disponibilizado por todas as operadoras que atuam no mercado móvel no Brasil.

A empresa MusiGames, de Recife, também conseguiu abriu espaço no disputado mercado global de jogos com produtos voltados para as plataformas do iPhone e iPod Touch, da Apple. “Passamos o ano de 2008 estudando o mercado de jogos e tomamos a decisão pragmática de desenvolver jogos para a plataforma da Apple, que muito mais aberta às novas companhias. As grandes empresas do setor de jogos em geral preferem seus próprios desenvolvedores”, diz o diretor executivo da MusiGames, Américo Amorim.

A companhia lançou em abril último uma versão para iPad do seu jogo Drum’s Challenge, no qual o jogador simula um baterista iniciante que desafia os melhores músicos em duelos em vários estilos. O game rapidamente foi para o primeiro lugar da lista dos mais vendidos para iPad na categoria de games musicais nos EUA e Canadá e continua entre os mais comercializados na AppStore. O jogo custa US$ 1,99. A MusiGames pretende lançar colocar seis novos jogos este ano no mercado, sendo três totalmente novos e os demais de novas versões de games já existentes.

A carioca Nano Games entrou no mercado há três anos desenvolvendo produtos de games para celulares da forma tradicional, fornecendo os jogos para as operadoras de telefonia mas, em busca de maior rentabilidade, começou a apostar na área de advergames, que une jogos e publicidade. “A remuneração é muito baixa no modelo tradicional de negócios. Num jogo vendido por R$ 10,00 pela operadora, nós ficávamos, somando todos os custos, com menos de R$ 1,00”, conta Peter Hansen, um dos sócios da empresa. Os advergames são encomendados pelas companhias que pretender divulgar seus produtos e a Nano é remunerada diretamente por este trabalho. A Nano desenvolveu recentemente jogos para a Unilever – o Lux Gota de Beleza e o Seda Puzzle – que podem ser baixados para o celular gratuitamente.

Hansen diz que a prioridade da empresa é desenvolver produtos para seus clientes que possam ser usados pelos celulares mais simples – a grande maioria de planos pré-pagos – que, lembra ele, ainda representam 93% do aparelhos em uso no Brasil. “Não adianta criar produtos apenas para smartphone e iPod se a maior parte dos usuário ainda têm aparelhos mais baratos”, explica Hansen.

A Meantime, também de Recife, já desenvolveu jogos em seis idiomas diferentes - - incluindo uma versão para a Austrália do game derivado do programa Big Brother - e também resolveu implantar um modelo de negócios voltado para campanhas de publicidade que pretendam usar advergames para celular. Já foram lançadas campanhas com a Arena Digital Kellogs, Campeonato de Digitação SMS da LG, Rexona Invisible, AXE e Brilux.

O potencial da área de games para celulares fez com que a Saga, rede de ensino da área de computação gráfica, decidisse abrir um curso específico para a formação de profissionais da área.“O desenvolvimento de jogos para celulares é rápido, barato e de fácil distribuição”, explica Alessandro Bonfim, sócio diretor da Sagra, sobre o crescente interesse do mercado por esta área. A primeira turma começa no final do ano, em São Paulo, mas ele já pensa em levar o curso para outras unidades do grupo, que também atua em Brasília, Salvador e Recife.

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