sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sudeste vai crescer mais do que a média do Brasil

Obras para os principais eventos esportivos, em 2014 e 2016, e para exploração de pré-sal concentram os investimentos na região
11 de junho de 2010

Paulo Fortuna - Especial para O Estado de S.Paulo

A Região Sudeste será o principal polo de atração de investimentos do País nos próximos anos, principalmente num cenário de desenvolvimento sustentável. Com o pré-sal e as obras necessárias para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada no Rio em 2016, a perspectiva é que a região apresente, já a partir deste ano, níveis de crescimento acima da média nacional.

Estudo da Tendências Consultoria aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) da Região Sudeste crescerá 0,6% acima da média nacional em 2010 e, entre 2011 e 2014, o aumento médio anual será de 0,3%. A Tendências estima ainda que a apenas a Copa e a Olimpíada devam causar um impacto de 0,35% ao ano no PIB da região entre 2011 e 2016, ante 0,2% do total nacional.

"Os investimentos da Olimpíada estarão centralizados no Rio e as três principais sedes da Copa ficam no Sudeste", diz Adriano Pitoli, chefe da área setorial da Tendências. Ele lembra ainda que os Estados da Região são especializados justamente nos setores que devem puxar o crescimento do País.

Além disso, como lembra Eduardo Amaral Haddad, presidente da Associação Brasileira de Estudos Regionais (Aber) e professor titular da FEA/USP, a região se destaca pela qualidade da mão de obra, da infraestrutura de transporte e da cadeia produtiva já desenvolvida - essenciais para os setores como, por exemplo, produção de máquinas e equipamentos e montadoras de veículos - e, finalmente, pela proximidade dos principais mercados consumidores.

Enquanto há vantagens no Sudeste, há fatores limitadores nas demais regiões, afirma o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.

O crescimento recente do Nordeste foi impulsionado pela demanda, que aumentou em razão dos programas de transferência de renda do governo federal, como o bolsa-família e o aumento do salário mínimo. O problema, segundo ele, é que essas transferências devem ser reduzidas por falta de recursos, em razão do aumento de gastos do Tesouro e da Previdência. "O Nordeste vai continuar a crescer, mas o grosso do salto já aconteceu."

O crescimento do Centro-Oeste, diz Mendonça de Barros, esbarra em problemas de infraestrutura; o Norte ainda tenta se equilibrar entre desenvolvimento e preservação; e o Sul segue com pouco dinamismo.

Pré-sal

Já o Sudeste, argumenta o economista, tem uma série de investimentos já contratados. A exploração do pré-sal é prioridade para a Petrobrás. Nos próximos 10 anos, a Petrobrás estima um investimento de US$ 110 bilhões nas áreas do pré-sal, localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Importante destacar também que a produção de equipamentos está concentrada na região.

A economia do Espírito Santo pode sofrer mudança de perfil com os investimentos do pré-sal, aponta Haddad, da Aber. Segundo ele, o ciclo de exploração de petróleo deve reduzir a concentração econômica existente hoje num grupo restrito de grandes empresas, principalmente do setor de alimentos.

O economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, lista vários projetos para a área de infraestrutura que, nos próximos anos, devem movimentar os negócios. Ele destaca a alça leste do Rodoanel, o terceiro terminal do Aeroporto de Cumbica, a ampliação de Viracopos e investimentos no Porto de São Sebastião e na Refinaria de Paulínia. "Ainda são necessários diversos investimentos no setor, mesmo porque o custo de logística ainda é muito alto e a infraestrutura existente está sobrecarregada."

Leite também vê o agronegócio como fator de crescimento e investimentos. A fabricação de caminhões e equipamentos agrícolas, concentrada em Minas Gerais e São Paulo, deve ganhar impulso nos próximos anos, com a demanda crescente. A Mercedes-Benz anunciou recentemente uma fábrica de caminhões em Juiz de Fora (MG), projetada inicialmente para automóveis.

Criativa

Na avaliação dos especialistas, o desenvolvimento da região Sudeste nos próximos terá uma contribuição importante dos serviços financeiros e do suporte de negócios, além da chamada economia criativa, em especial no Rio de Janeiro e São Paulo, que inclui segmentos como cinema, publicidade, design, moda e atividades. “São atividades que agregam alto valor adicionado, têm razoável grau de inovação e empregam um grande número de pessoas”, destaca o economista José Roberto Mendonça de Barros.

Especificamente em São Paulo, Mendonça de Barros ressalta a expansão do crescimento do turismo de negócios, além da área médica, que inclui não só os hospitais, como a indústria de equipamentos hospitalares e companhias farmacêuticas.

A capital paulista tende a se tornar um polo latino-americano no setor, acrescenta Alcides Leite. “Com certeza, a Bovespa estará entre a cinco maiores bolsas do mundo e São Paulo será o centro financeiro da América Latina”, afirma Leite. Por conta desse fator, ele acha que São Paulo ainda terá que receber mais investimentos em infra-estrutura de telecomunicações, principalmente em internet banda larga

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