quarta-feira, 9 de junho de 2010

Usuário de cartão ganha novas facilidades

Paulo Fortuna, para o Valor, de São Paulo
09/06/2010

O cliente de uma grande rede de varejo, após finalizar sua compra, assiste a um vídeo em alta definição acoplado à maquininha processadora de cartões, em que é informado do início de uma nova liquidação na próxima semana. O consumidor também pode receber um aviso na própria fatura do cartão, depois de pagar a conta, de que terá direito a uma refeição grátis na próxima vez em que voltar ao seu restaurante preferido. Estas são algumas das possibilidades tecnológicas que estão chegando ao mercado brasileiro e que devem ser decisivas na disputa pelo setor de credenciamento de cartões a partir de julho, quando as duas grandes companhias que detêm 90% das transações no País, a Cielo (ex-Visanet) e a Redecard, vão ampliar o número de bandeiras. A Redecard, que hoje trabalha com cartões como Mastercard e Diners, também vai operar com Visa. A Cielo, em contrapartida, após o final do contrato de exclusividade com a Visa, agregará ao seu portfólio novas bandeiras, como a Mastercard.

“A questão tecnológica é absolutamente decisiva neste mercado”, diz o presidente da Redecard, Roberto Medeiros. O executivo acrescenta que a tecnologia aplicada à mobilidade no uso de cartões deve ser um fator chave na expansão do setor. É a mesma avaliação do diretor de Produtos da Cielo, Rogério Signorini, que também destaca as possibilidades abertas para a área de cartões com as ferramentas disponíveis na internet. As duas grandes credenciadoras do País vêm apostando, por exemplo, no desenvolvimento de sistemas que possibilitem a aceitação de cartões com a utilização de celulares. De acordo com Signorini, é uma facilidade que atinge públicos como os vendedores autônomos que atuam boa parte do tempo na rua, entre os quais as representantes de produtos de cosméticos. Para usar o sistema, basicamente o vendedor só precisa digitar em um celular habilitado o número do cartão de crédito do cliente. A princípio, esse produto é mais voltado para vendas com tíquete médio mais baixo, mas Medeiros exemplifica casos em que a tecnologia pode ser usada por companhias que trabalhem com maior valor agregado, como as que entregam cimento em obras com caminhões betoneira.

As empresas do setor também investem na expansão do chamado pagamento sem contato.
Um desses sistemas permite que qualquer telefone que tenha entrada para cartões de memória possa ser usado pelo consumidor como um dispositivo para fazer pagamentos. Um exemplo é um projeto-piloto desenvolvido pela Cielo com o banco Bradesco. Ou que o consumidor pague sua conta com apenas um toque no cartão, usando um terminal especial, eliminando a necessidade de procurar dinheiro no bolso ou passar o plástico na maquininha. Segundo Roberto Medeiros, o sistema vem sendo testado pela Redecard em pontos como o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
O diretor de Produtos da Cielo destaca que as novas tecnologias devem estreitar a relação entre os estabelecimentos comerciais e os usuários de cartões. Um exemplo é a plataforma da companhia que permite ao comerciante realizar algum tipo de promoção no ato da compra com o plástico. “Um cliente que completou, por exemplo, dois anos de uso de um cartão pode receber um desconto na hora da compra, que será informado no próprio comprovante. Ou um restaurante pode premiar um cliente que complete um certo número de refeições”, exemplifica o executivo, “É um instrumento de fidelização do estabelecimento com sua clientela”, destaca. Segundo Signorini, a plataforma tem como vantagem o fato do comerciante poder usar o mesmo equipamento habitual, sem custos adicionais.

Também na linha de otimizar o uso das maquininhas de cartões, a Redecard desenvolveu um sistema que une varejo e marketing. A tecnologia permite que os comerciantes divulguem seus próprios vídeos promocionais, em telas de alta definição, acopladas aos terminais de cartões da credenciadora. “Dessa forma, a empresa pode, por exemplo, anunciar ao cliente uma nova liquidação no próprio ato da compra”, conta Medeiros.

Anacristina Lugli, diretora de Projetos e Meios de Pagamento da CSU, a maior processadora independente de cartões de crédito no País, concorda que a questão tecnológica pode ser decisiva para o mercado no momento de quebra de exclusividade nas bandeiras. “Para os novos players que chegarem ao mercado, será muito importante garantir a disponibilidade do sistema e de planos de contingência que ofereçam segurança às operações”, diz a executiva.

De olho no possível aumento de mercado, a companhia investiu R$ 30 milhões no desenvolvimento de plataforma voltada à prestação de serviços de processamento para as empresas que desejarem atuar no mercado de credenciamento de cartões. Entre as inovações, Anacristina destacou a criação de tecnologias voltadas para “consumidores especiais”, ou seja, portadores de algum tipo de deficiência. A CSU está desenvolvendo um sistema de impressão em braile que permite a leitura de uma fatura de cartão por deficientes visuais.

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