sexta-feira, 16 de julho de 2010

Telecentros são estratégicos para educação digital

Paulo Fortuna
Para o Valor, de São Paulo

As enormes distâncias entre a população de baixa renda do País e o universo dos
computadores e da internet banda larga têm sido reduzidas com a expansão dos Telecentros,programas de inclusão digital gerenciadas pelo setor público que oferecem acesso gratuito à rede e treinamento para os usuários. Os programas são voltados principalmente aos moradores dos 68% dos domicílios brasileiros que não tem computador e dos 76% sem qualquer tipo de conexão com a internet. Mas o caminho da inserção é longo: apenas 4% dos internautas brasileiros usam a rede através de centros públicos de acesso gratuito, conforme dados do Núcleo de informação e Coordenação do Ponto Br (Nic.br)

O maior projeto municipal do setor é o da Prefeitura de São Paulo, realizado em parceria com entidades do terceiro setor. Atualmente, são 342 unidades instaladas, número que deverá chegar a 400 até o final do ano, segundo previsão feita pelo secretário de Participação e Parceria de São Paulo, Francisco Buonafina. O acesso à banda larga é gratuito e está aberto a usuários a partir de sete anos. São 1,7 milhões de usuários cadastrados, que fazem cerca de 740 mil acessos ao mês, em média.

De acordo com o secretário, a prioridade na abertura de novos Telecentros leva em conta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das localidades candidatas. Afinal, lembra Buonafina, a penetração da internet, sobretudo da banda larga, é mínima nas áreas mais pobres, consideradas de grande “vulnerabilidade social”.
“Por isso, há uma concentração de Telecentros na região Leste de São Paulo”, explica. Conforme dados da Prefeitura, a maioria dos usuários (61%) é formada por adolescentes e jovens com idades entre 11 e 25 anos, provenientes das classes C,D, E. Segundo estes números, 75% não possuem ensino médio completo e 37% estão classificados como IPVS 5 e 6, o que significa que têm “alta e muito alta vulnerabilidade social”.

Conforme Buonafina, o principal foco hoje dos Telecentros é na área de educação digital. Além do acesso gratuito à internet e o uso livre dos computadores, 75% do tempo é ocupado com cursos e oficinas. Por mês, são abertas cerca 20 mil novas vagas gratuitas em cursos básicos de informática. São sete cursos e cerca de 60 diferentes oficinas que são ministradas na medida em que há demanda. Em 2009, 163.054 pessoas concluíram cursos e oficinas e receberam certificados.

No ano passado, começou a ser implantando um novo modelo com curso
para a formação de profissionais em Tecnologia da Informação, em parceria com o Sindicato das Empresas de Precessamentos de Dados e Serviços de Processamento do Estado de São Paulo (Seprosp), Secretaria Municipal do Trabalho, com apoio do Centro de Tecnologia da USP. Foram formados 120 técnicos em quatro Telecentros, dos quais 90 foram imediatamente absorvidos pelo mercado de trabalho. “Há falta de mão-de-obra especializada no setor de informática e aproveitamos o espaço do Telecentro para a formação de técnicos para a área”, diz o secretário. De acordo com ele, o modelo está sendo levado este ano para outros Telecentros da cidade.

Buonafina avalia que os Telecentros também podem se transformar em pólos de ensino à distância. Em 2009, foram feitos dois projetos-piloto de cursos
telepresenciais profissionalizantes (recepcionista/telefonista e atendimento ao cliente) em 10 unidades, via satélite em parceria, com a empresa UnYca, especializada em educação corporativa à distância. O projeto será ampliado no próximo ano. Foram atendidos 120 pessoas. Mas a expansão deste tipo de projeto, ressalta ele, depende de parcerias com a iniciativa privada, principalmente porque os cursos transmitido pelas internet exigem bandas largas mais potentes e, conseqüentemente, mais investimentos.

O governo federal lançou em outubro do ano passado do Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades - Telecentros Br. Os recursos envolvidos no Programa Telecentros.Br giram em torno de R$ 165 milhões. O objetivo é melhorar estrutura dos telecentros ligados ao governo federal, que hoje atuam de forma desarticulada.

O governo promoveu uma seleção para definir quais seriam os primeiros telecentros beneficiados. Foram inscritas 1.071 propostas, com abrangência de 14.925 telecentros, entre novos e em funcionamento. Desse total, foram selecionadas 63 propostas, que prevêem apoio a 3.514 telecentros em funcionamento e 6.508 novos, dos quais três mil devem ser abertos aos usuários ainda em 2010. Os demais telecentros selecionados devem entrar em funcionamento até junho de 2011.

Além de bolsas para monitores, as instituições selecionadas receberão equipamentos de informática, novos e recondicionados, mobiliário, conexão à internet banda larga e cursos de formação.

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