segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mercado vive novo surto de transtorno bipolar


A primeira postagem neste blog, do dia 4 de abril, tratava da esquizofrenia irracional dos mercados, inclusive o brasileiro, com o estímulo decisivo dos especialistas tanto em catástrofes irreversíveis, quanto em ciclos positivos duradouros. Durante este período, a palavra crise voltou à tona, novamente por conta do risco da bancarrota da Grécia vir a contaminar o resto da Europa e posteriormente todo o mundo que, novamente, parecia que ia acabar. Isso, na última sexta-feira. Ontem, céu de brigadeiro. No meio, um pacote de 750 bilhões de euros (quase US$ 1 trilhão)anunciado no domingo pela União Europeia para defender o euro e impedir que os problemas da Grécia, e de outros países da região, provoquem uma crise sistêmica. Ou esse pacote é milagroso ou, mais uma vez, os mercados mostraram sua face de transtorno bipolar.

As bolsas de Valores europeias disparam após o anúncio, repetindo o que já havia ocorrido nos mercados asiáticos. As bolsas americanas também foram na onda. E o Brasil, claro, embarcou no trem da alegria, assim como na sexta-feira navegou no barco da morte. A bolsa paulista fechou em alta de 4% e o dólar despencou para R$
R$ 1,77, baixa de 5,41%, a maior queda em 17 meses. A saúde da economia brasileira e das empresas listadas na Bovespa parecem meros detalhes. E, nesta conjuntura, são mesmo.

O que tem a ver a nossa economia com a crise na Europa ? As explicações são as de sempre: em momentos de instabilidade, os investidores internacionais tendem a fugir do risco e ficam mais cautelosos, diminuindo suas posições, inclusive nos mercados emergentes, como o Brasil. Tudo isso é verdade, mas a avaliação da conjuntura dos investidores externos mudou tanto assim por causa do pacote anunciado no domingo que, aliás, ninguém sabe direito como será viabilizado e muito menos se vai surtir efeito ?

Amanhã ou qualquer outro dia, as bolsas podem cair novamente e muitos especialistas vão explicar o seguinte: o mercado têm dúvidas sobre a velocidade de liberação do pacote para a Grécia e teme que o País não resista e sucumba de vez à crise, dando um calote geral. Ou que a ajuda não vai resolver o problema e outros países da região, como Portugal e Irlanda, vão precisar de empréstimos, mostrando que a crise está se espalhando. E, novamente, tudo isso será verdade. Pelo menos até o dia seguinte.

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